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Feira reúne artistas e publicadores independentes na capital paulista

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Artistas gráficos, quadrinistas e todos os tipos de publicadores independentes participaram, neste fim de semana, da Feira Plana, na área externa do Museu da Imagem e do Som (MIS), zona oeste paulistana. Segundo a idealizadora da feira, Bia Bittencourt, a feira é uma oportunidade para o público conhecer produtos que dificilmente circulam por espaços mais convencionais, como livrarias ou bancas de revista.

“Acho que tais produtos dependem muito dessas feiras para circular. É por isso que, quando há um evento, fica tão insano [lotado]. As pessoas ficam esperando por isso, por essa oportunidade”, ressaltou Bia, em entrevista à Agência Brasil.

Ela teve a ideia de realizar a Feira Plana quando foi a um evento feira semelhante em Nova York. “Eu cheguei louca para fazer um negócio parecido. Copiar mesmo”, ressaltou Bia, sobre como começou a montar a exposição, que teve a primeira edição no ano passado. Em 2013, a mostra teve 90 expositores e público de cerca de 4 mil pessoas. “O negócio foi um sucesso tão grande que este ano dobrou de tamanho”, disse ela sobre os 150 expositores.

Neste ano, Bia estima que pelo menos 10 mil pessoas tenham ido conhecer as publicações independentes. A estrutura foi ampliada com apoio do museu e a captação de patrocínio, que não havia na primeira edição. “Ano passado, não tínhamos dinheiro e compramos papelão para fazer as mesas. Aí, as mesas ficavam desmontando.” Agora, além das tendas para abrigar os editores, foi possível convidar artistas internacionais para ministrar oficinas.

Para o criador de histórias em quadrinhos Carlos Ferreira, a Feira Plana é uma boa maneira de aproximar os artistas do público. “Uma feira facilita muito o contato direto com o público, que é importante e humaniza mais o trabalho", disse Ferreira, que levou cinco títulos para a mostra com tiragens entre mil e 3 mil exemplares.

Na opinião de Ferreira, muitas vezes, a feira acaba sendo mais eficiente para divulgação de autores independentes do que a estrutura das editoras, que deixam esse trabalho a cargo das distribuidoras. “O distribuidor vai distribuir o que vende mais. O que não estiver vendendo ele não vai trabalhar em uma dinâmica de divulgação. Por isso, às vezes, trago os meus livros para esses eventos, onde eles acabam tendo uma divulgação melhor e mais exposição. Até as vendas melhoram.”

Há espaço também para artistas iniciantes, como Mariana Paraizo, que assina os quadrinhos que cria como Mazô. Estudante de artes, a jovem de 21 anos está preocupada com a aceitação de seu primeiro título, feito quase de improviso. “Dá um medinho de não ter público. Será que estou no lugar certo? Mas eu estou no começo, não tenho como exigir mais do que isso”, ressaltou Mazô, ao comentar a baixa venda da revista que publicou e levou à feira.

Mesmo assim, destacou Mazô, valeu a pena sair do Rio de Janeiro para conhecer técnicas e trabalhos diferentes. “Foi muito bom vir para cá, porque estou vendo coisas em que nunca tinha pensado. Papel vegetal, costurar papel, adesivos, carimbos, não só quadrinhos”, disse a artista, que começou a desenhar depois de ter ido a um evento parecido com a Feira Plana em Belo Horizonte. Na ocasião, ela descobriu que existem muitos outros desenhistas em todo o país, também muito jovens, que desenvolvem trabalhos na mesma linha.

Para o editor Renato Malkov, que visitava a feira, a mostra é uma oportunidade de ter contato com produtos que não são encontrados em outros lugares. “Vim com a ideia de comprar, porque tinha um trabalho que eu já conhecia”, disse ele.