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Marky Ramone demonstra cansaço, mas show empolga no Rock in Rio

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Marc Bell tem 57 anos, mas Marky Ramone tem apenas 35. Este segundo nasceu como pseudônimo de Bell quando ele assumiu a bateria dos Ramones e ganhou o mesmo sobrenome artístico de seus colegas Joey, Johnny e Dee Dee. No palco, entretanto, o vigor do baterista parece mesmo de um sessentão já cansado do ritmo frenético do estilo que o consagrou.

Durante quase uma hora, o músico foi a atração principal do Palco Sunset neste segundo dia do Rock in Rio, e, apesar das falhas durante a performance, o que ficou para o público foi o clima de festa punk. Escorado pelo vocalista Michael Graves, ex-Mifsts, Ramone encontrou uma tarde sol e muito bom público para seu show. E tudo correu mais perto do que poderia ser um show do Ramones caso seus antigos colegas de banda estivessem vivos.

A introdução com a música tema composto por Ennio Morricone para o clássico faroeste Três Homens em Conflito de Sergio Leone não deixavam dúvidas: tratava-se de uma tarde de homenagem a uma das bandas incubadoras do punk rock. Em seguida, a trinca Rockway BeachTeenage Lobotomy e Do You Wanna Dance, cover dos Beach Boys.

O show transcorreu pela próxima meia hora sem nenhuma palavra dirigida ao público. Apenas a contagem "one, two, three, four" entre uma faixa e outra indicavam a mudança de música. E assim vieram I Don’t Care, Sheena Is A Punk Rocker, Havanna Affair, Commando...

O clima entre a plateia era de alegria contida e a falta de ritmo de Marky em alguns tempos perdidos e viradas meio tortas deixavam claro que tocar punk rock no ritmo frenético que os Ramones costumavam fazer é uma atividade com prazo de validade. Mas para um público predominantemente jovem – muitos sequer haviam nascido quando a banda encerrou suas atividades em 1996 – o que valia era a chance de ver de perto um ex-Ramone (espécie cada vez mais em extinção).

Bem na metade do set foi a vez de Graves fazer uma apresentação solo no palco com duas músicas acústicas. O descanso que Marky Ramone precisava quase custou caro para o andamento do show: a intervenção de graves serviu como sonífero e foi a deixa que todo mundo precisava para ir ao banheiro, ao bar ou apenas procurar uma sombra.

A volta se deu mais empolgante com a única música que não remetia aos Ramones: Dig Up Her Bones, dos Misfits. Mas a trinca final foi digna dos melhores shows dos Ramones no Brasil: Cretin Hop, What A Wonderful World (faixa de Louis Armstrong e executada na versão roqueira gravada por Joey Ramone em seu primeiro disco solo lançado póstumamente Don’t Worry About Me) e Blitzkrieg Bop com direto a roda de pogo.

Com erros ou não, o que ficou para o público foi o coro final de “hey, ho, let’s go” ainda ecoando nos ouvidos de todos enquanto a banda se despedia com My Way na voz de Frank Sinatra, embalando Ramone e Graves.