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Sundance premia os temas sociais e políticos

Prêmios foram entregues aos vencedores dos troféus independentes da 29² edição

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Numa festa de gala no Basin Recreation Fieldhouse de Park City, foram entregues na noite deste sábado (26) os prêmios para os  vencedores dos troféus independentes de sua 29ª edição. O ator, roteirista e diretor Joseph Gordon-Levitt foi o anfitrião da Cerimônia. Ele veio a Park City também para lançar seu novo filme  Don Jon’s addiction, fora de competição,  na Mostra Premiere. 

John Cooper, diretor do festival,  disse que os filmes do festival deste ano  refletem a paixão, o imenso talento e as diversas histórias que vem da comunidade do cinema independente. 

“Eu estou confiante que as premiações dadas representarão um potencial para esses filmes e que  as audiências continuarão a prestigiar os filmes que descobrimos aqui”, declarou. 

O grande prêmio do júri de documentário americano foi para  Blood brother, de Steve Hoover, que ganhou também o de audiência. O filme é sobre um jovem que vai à Índia como um turista e quando encontra um grupo de crianças com HIV, decide ficar.  Jamais poderia imaginar os obstáculos e o amor que encontraria. 

Fruitvale de Ryan Coogler, ganhou o grande prêmio do júri para drama americano  e também o de audiência.  O filme é sobre a história real de Oscar, de 22 anos, um residente da área de São Francisco que cruza caminhos com amigos, inimigos, familiares e estranhos no último dia de 2008.

O grande prêmio do júri para documentário mundial foi para  A river changes course (Camboja), de Kalyanee Mam, a história de três jovens cambojanos que lutam para superar os efeitos devastadores da destruição das florestas. 

Cinema Mundial

Para Cinema Mundial, o prêmio foi ganho por Jiseul, de Muel O (Coréia do Sul). Ambientado em  1948 – quando o governo ordenou o exílio dos comunistas para a Ilha de Jeju e os militares invadiram um vilarejo calmo e pacífico –  os habitantes se esconderam numa caverna e depois resolveram mudar para uma montanha. 

O prêmio de audiência para documentário mundial foi para The square, de Jehane Noujaim (Egito), sobre cinco revolucionários lutando por suas crenças. 

Já o de audiência para Cinema Mundial foi ganho por Metro Manila, de Sean Ellis (Reino Unido / Filipinas). O filme é sobre Oscar e sua família que, na busca de uma vida melhor, se muda dos arrozais para Manila. 

Zachary Heinzerling, com  Cutie and the boxer, uma  love story ingênua sobre um caótico casamento de 40 anos, ganhou o prêmio de direção de documentário americano. 

O de direção de drama americano foi para Jill Soloway pela comédia Dark afternoon delight

Tinatin Gurchiani com  The machine which makes everything disappear (Georgia / Alemanha) ganhou melhor direção de documentário mundial, sobre um cineasta que visita vilarejos e cidades em busca de  um jovem protagonista. 

O prêmio de direção de Cinema mundial dramático foi ganho pelo chileno Sebastián Silva  com  Crystal fairy, a história de Jamie, que convida uma estranha para fazer uma viagem com ele ao Chile. 

Entre as premiações  para diretores e projetos do Instituto Sundance – em cerimônia separada realizada na última terça feira –  o brasileiro Aly Muritiba foi um dos contemplados.  O prêmio lhe renderá US$ 10 mil, além de um ano de cursos e assistência para completar o roteiro do seu primeiro longa-metragem, O homem que matou a minha amada morta, um drama de vingança. 

Colaboração internacional, temas globais e aquisições   

A 29ª edição do Sundance foi marcada pela quase inexistência  das tradicionais linhas de fronteira, prevalecendo em sua grande maioria, o sistema de coproduções. 

Os temas, além de também transcenderam assuntos ligados aos seus locais de origem, cresceram em carga emocional e, muitos deles, deram nova leitura a temas tratados anteriormente.  

Os documentários continuaram em alta. Além das mostras especificas e da continuidade da Premiere Documentário criada no ano passado, o gênero marcou  presença em todas as paralelas. 

Muitos abordam assuntos delicados e emergentes como: Narco cultura , de Shaul Schwarz, sobre a terrível devastação  criada pelos cartéis da droga; We steal secretsThe story of Wikileaks, de Alex Gibney, que aborda o famoso episódio ocorrido em 2010 sobre o poder da Internet; e Google and the world brain, de Ben Lewis, um filme também sobre a Internet, desta vez, sobre os sonhos, dilemas e perigos que a rede pode ter.  

Um dos títulos mais esperados e que não decepcionou foi Jobs, que encerrou o festival. O filme é a cinebiografia de Steve Jobs, o celebrado fundador da Apple, morto aos 56 anos em outubro de 2011 e uma das figuras mais carismáticas do século 21.  

Alguns filmes já saem adquiridos do festival, caso de The way, way back, estreia na direção dos roteiristas  Nat Faxon e Jim Rash (Oscar de  Os descendentes), comprado pela Fox Searchlight por US$ 10 milhões. 

Outro que já  sai do Sundance vendido é o comovente  Fruitvale, de Ryan Coogler – vencedor do grande prêmio do júri e de audiência –  pela Harwey Weinsten por US $ 2,5 milhões. 

O festival ratificou sua essência de privilegiar filmes criativos e inovadores foi expressa no discurso de abertura de Robert Redford, que lembrou a boa fase do cinema independente.  

“Com os negócios mudando tão radicalmente e com o colapso do esquema dos grandes estúdios, o que vejo é que a  comunidade independente está crescendo e, cada vez mais saudável”, afirmou Redford que, na ocasião, também aproveitou para fazer um libelo contra a violência e o excesso de armas nas telas. 

“Se minha indústria questiona se armas vendem filmes, acho que é uma pergunta que vale a pena ser feita”, declarou o criador do festival, de 77 anos, que acaba de acertar sua participação em All is lost, do independente J.C. Chandor (Margin call)   

Outros prêmios

Roteiro para drama americano – In a world, de Lake Bell

Roteiro para Cinema Mundial de drama  – An afghan love story,  de Barmak Akram 

Fotografia para documentário americano – Dirty wars, de Richard Rowley

Fotografia para drama americano, dividido entre Ain’t them bodies saints, de David Lowery e Mother of George, de Andrew Dosunmu 

Melhor filme da mostra Next para audiência – This is Martin Bonner, de Chad Hartigan 

Melhor Curta-metragem – Catnip: egress to oblivion?, de Jason Willis