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Crítica: "O resgate"

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Carros explodindo, assaltos a banco, milhões de dólares em dinheiro e barras de ouro, agentes do FBI, uma moça bonita, um vilão feio, uma filha em perigo e Nicolas Cage. Certamente você já viu isso antes. Inúmeras vezes. Parece, porém, que apostar no mais prevísivel continua sendo uma opção lucrativa para alguns produtores de Hollywood. Basta observar o investimento de 35 milhões de dólares nessa que é mais uma reprise inédita.

Em O resgate, Will Montgomery (Cage) é um habilidoso ladrão de bancos. Ele executa, com três comparsas – o gordo, o mau e a bela mulher – um grande roubo de dez milhões de dólares, mas é preso sozinho graças a um velho código de honra dos heróis de alguns filmes de ação: se recusa a matar um inocente. “Não somos assassinos!”, brada ele. Apenas assaltantes de banco. Acaba perdendo tempo por isso e alcançado pela polícia. Após oito anos na prisão, dois de seus comparsas – exceto a bela mulher, é claro – querem sua parte do dinheiro. Um deles sequestra sua filha para chantagear Will, que, sob o olhar atento de um agente do FBI ainda desconfiado de suas intenções, começa uma corrida contra o tempo para resgatá-la.

O que se segue na tela é um verdadeiro festival de clichês. Nada acontece fora do esperado, nada é novo e absolutamente nada foge às convenções. Uma obra de arte, seja ela qual for, trabalha na gangorra entre redundância e informação. Redundância é aquilo que o espectador – no caso de um filme – já conhece, ou seja, o que é previsível e esperado dentro daquela determinada linguagem. Informação se refere ao contrário – à novidade que a obra introduz, ao que não era conhecido ou não existia antes dela.

É impossível a uma obra ser constituída apenas de informação, pois ninguém conseguiria compreender nada que fugisse completamente de códigos já conhecidos. Seria uma obra sem nenhuma capacidade de comunicação. O contrário, porém, isso é, a existência de uma obra exclusivamente redundante,“mais do mesmo”, é plenamente possível. Filmes como O resgate servem para provar essa tese.

Se o espectador vai ao cinema para ser instigado, é melhor escolher outro filme. Se o desejo é apenas relaxar com um balde de pipoca enquanto se vê perseguições, assassinatos, carros capotando, tiroteios e uma pancadaria final entre herói e vilão, a grande, competente e enxuta produção do filme atende plenamente às expectativas.

Cotação: º (Péssimo)