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Catedrática anuncia publicação de epistolário de Hemingway em 2009

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Agência EFE

HAVANA - Entre seis e sete mil cartas redigidas pelo célebre escritor Ernest Hemingway (1899-1961) serão publicadas em doze volumes no início de 2009 como parte do projeto Cartas de Hemingway, anunciou a catedrática americana Sandra Spanier.

Durante o 11º Colóquio Internacional dedicado ao escritor americano, encerrado hoje em Havana, Spanier, que é professora da Universidade da Pensilvânia, destacou a importância do projeto e considerou seu epistolário como a fonte referencial mais empregada por seus biógrafos e reveladora de dados fiéis de sua história.

A especialista, cujo projeto foi autorizado oficialmente pela família do romancista americano, disse que os documentos estão localizados em mais de 75 bibliotecas e arquivos e cerca de 40 coleções privadas.

Durante o colóquio, apoiado pelo Museu Hemingway instalado em Finca Vigía, o lar cubano do escritor durante 21 anos, também se revelou a existência de uma carta na qual o escritor explica que começou a escrever seu romance 'Por Quem os Sinos Dobram' no Hotel Sevilla, de Havana.

Uma reprodução da carta foi entregue na véspera ao hotel pela conservadora da coleção bibliográfica de Hemingway da biblioteca John F. Kennedy, Susan Wrynn.

Dentro do projeto 'Salvar Tesouros Americanos', a instituição conserva cerca de dez mil cartas, entre as enviadas e recebidas pelo escritor, a mesma quantidade de fotografias, além de passaportes, documentos legais, peças publicitárias de filmes baseadas em alguns de seus romances e capas de livros de sua autoria, explicou Wrynn.

A descoberta de anotações inéditas de Hemingway em sua casa de Finca Vigía, transformada em museu em 1962, foi uma das novidades para os participantes do Colóquio Internacional sobre a vida e a obra do escritor americano.

A especialista do Centro Nacional de Conservação, Restauração e Museologia de Cuba, Elisa Serrano, disse que se trata de escrituras encontradas sob quatro camadas de pintura nas paredes do íntimo espaço do banheiro que o escritor usava.

De acordo com Serrano, são principalmente anotações do peso corporal de Hemingway, que datam de 1942 a 1953, que evidenciam sua paixão pelo esporte, o cuidado pela saúde e seu interesse pelas estatísticas.

- Este foi um trabalho complicado, de micro-intervenção, com o emprego de lentes de aumento devido ao difícil resgate e conservação do objeto de estudo - afirmou.

Serrano faz parte da equipe responsável pela restauração realizada na antiga residência de Hemingway pelo Governo cubano, com um investimento de US$ 1,2 milhão, segundo dados oficiais.

A restauradora disse que a cor original da fachada da casa foi outra descoberta. Com apoio de material bibliográfico e trabalho físico, a fachada foi recuperada e restaurada, de tal forma que o resultado mostra a imagem arquitetônica ao gosto de Hemingway, como ele a viu pela última vez.

O antigo casarão onde o romancista passou longas temporadas de 1939 até sua morte, em 1961, está localizado no bairro de San Francisco de Paula, a cerca de 15 quilômetros do centro de Havana.

O local é visitado diariamente por centenas de turistas.

O museu conserva mais de 22 mil peças, entre livros, fotos, filmes, troféus de caça, discos, armas, objetos esportivos e de pesca, entre outros objetos pessoais e documentos do autor.