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Mestre do blues, BB King se apresenta no Rio nessa quinta

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Débora Motta, Agência JB

RIO - Nesta quinta-feira, os cariocas terão a chance de se despedir do Rei do Blues. Aos 81 anos, o guitarrista, cantor e compositor B.B. King apresenta no Vivo Rio, às 21h30, a última turnê internacional de sua carreira - The Farewell World Tour (A Turnê Mundial do Adeus) -, depois de tocar para platéias eufóricas em São Paulo e Curitiba. Na sua passagem pelo Brasil, sempre vestido com o tradicional terno escuro e sentado numa cadeira de rodas devido a problemas de coluna, 'Mister' King tem esbanjado bom humor:

- Não sou um rei. Sou apenas um cara que gosta de tocar guitarra, de visitar países bonitos e de conhecer lindas mulheres como vocês. Mas nunca argumento com os críticos brincou com os jornalistas nas entrevistas.

Para este show, o músico selecionou um set list eclético que agrada a todas as gerações:

- O repertório terá músicas mais novas para atingir o público jovem e clássicos [como The Thrill is gone e Ain't That Just Like a Woman] para agradar a geração de seus avós.

Quando perguntado se esta turnê realmente vai encerrar suas longas viagens pelo mundo, o mestre respondeucom o ânimo de quem. há pouco tempo, já com idade avançada, tinha fôlego para fazer cerca de 300 shows por ano:

- Um dos meus atores favoritos é o escocês Sean Connery, conhecido por ter interpretado James Bond, o 007. Ele falou num filme: 'Never say never'. Eu espero 'nunca dizer nunca'. Apesar de não fazer mais viagens internacionais, vou tocar, espero, até meu último dia. Em algum momento no futuro, ao invés de eu vir até o Brasil, vocês irão lá nos Estados Unidos me assistir.

O músico planeja continuar sua carreira nos estúdios:

- Eu acabei de terminar um CD a vivo, B.B. King Blues Clubs, e acho que é a melhor coisa que eu fiz em muitos anos, senão em toda a minha carreira. Gostaria de experimentar novos discos, espero gravá-los, e que os críticos sejam bons comigo.

Apesar do desejo de continuar a tocar, B.B. King revelou seu estresse com a vida corrida das turnês:

- Estou cansado, já tenho 81 anos. Quando eu era jovem e trabalhava numa plantação de algodão, ou dirigia trator, também me sentia cansado, mas nada que uma noite de sono não resolvesse. Agora viajei durante 10 horas de Dallas a São Paulo e foi muito desgastante. Mas tudo compensa porque tenho o trabalho que mais amo no mundo.

Batizado Riley B. King, a lenda-viva que adotou o nome artístico Blues Boy King (B.B. King) teve uma trajetória que ilustra a origem rural do blues no Mississipi (EUA). Nasceu numa fazenda em Itta Bena, perto de Indianola, onde plantava algodão na adolescência e aprendeu a tocar numa igreja. Trabalhou como motorista de trator e, nas horas vagas, tocava nas ruas para ganhar algum dinheiro. Até que foi tentar a sorte como músico profissional em Memphis, Tenesse. Depois de ganhar 14 Grammies e fazer shows em 90 países, o mestre da guitarra sintetiza suas experiências em mais de 60 anos de estrada:

- Tenho boas memórias. Fiz muitos amigos pelo mundo. Se eu emprestasse um dólar de cada amigo meu que conquistei durante esses anos, eu seria um milionário. O maior presente foi ter o amor das pessoas que estão comigo durante todo esse tempo.

Em tom de despedida, o bluesman enfatizou a importância da obra além da mística do artista:

- Quando eu tiver ido [apontou para cima, fazendo sinal de ir para o céu] vocês vão esquecer a minha face negra, mas não a minha música.