Reuters
LONDRES - Uma editora britânica ignorou a vontade da austríaca Natascha Kampusch, que passou oito anos sequestrada, e lançou o primeiro relato da saga do cativeiro dela. O livro 'Girl in the Cellar: The Natascha Kampusch Story' (Menina no porão: A história de Natascha Kampusch), escrito por dois jornalistas, chegou às livrarias de Londres na quinta-feira, apesar de os assessores da menina terem advertido que ela processaria quem publicasse um livro sobre o caso, sob a alegação de que ela é a única que pode contar a história.
Consciente da controvérsia que cerca o lançamento, a editora divulgou um curto comunicado no lançamento do livro de 260 páginas.
"A editora Hodder & Stoughton tomou medidas para garantir que o livro 'Girl in the Cellar' cumpra os requisitos legais adequados" disse a nota. "Ela não pretende comercializar o livro na Europa fora da Grã-Bretanha", acrescentou.
O responsável pelos direitos de publicação do livro não estava disponível no momento para comentar o lançamento. Em Viena, o advogado de Kampusch, Gerald Ganzger, ameaçou publicar a versão digital na Internet do jornal britânico The Times, que publicou trechos do livro no dia 23 de novembro.
- Já dissemos em alto e bom som que Natascha Kampusch não vai endossar essas inverdades e boatos - disse, referindo-se ao livro.
- Quando obtivermos a tradução juramentada na semana que vem, vamos tomar medidas legais sob a lei de imprensa austríaca contra o www.timesonline.co.uk.
O jornal não havia feito comentários sobre o caso.
Ganzger disse não ter certeza se vai tomar medidas legais contra a editora, afirmando que isso só daria mais publicidade ao livro.
- Faz mais sentido tentar evitar que o livro se espalhe e que seja traduzido, e que o público em geral o perceba como ele realmente é - um instantâneo, uma compilação que nem de longe está contando a história da senhorita Kampusch.
'Girl in the Cellar' foi escrito por Allan Hall, um jornalista que atua em Berlim, e Michael Leidig, que trabalha na Áustria. Kampusch, hoje com 18 anos, foi capturada em 1998 por um homem e obrigada por ele a viver numa cela construída sob uma garagem. Em agosto, ela conseguiu fugir, e sua história se transformou numa sensação da mídia internacional.
O sequestrador, Wolfgang Priklopil, 44, cometeu suicídio horas depois da fuga da adolescente.