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Brasil quer virar paraíso para filmes internacionais

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Reuters

BRASÍLIA - Cenário diverso e rico para produção de filmes, o Brasil ainda engatinha no ramo de locações internacionais. Filmar na maior nação da América do Sul, normalmente usada apenas como destino de bandidos nos longas norte-americanos, traz a vantagem da diversidade de culturas e paisagens, embora os custos sejam altos.

Ainda é caro produzir filmes estrangeiros no Brasil. A valorização do real frente o dólar, dizem especialistas, só acentua essa condição.

Outro desafio, dizem, é livrar-se dos estigmas.

- Ainda se usa o Brasil com o significado de uma terra sem lei - afirma o produtor Eitan Rosenthal, do Instituto Dharma.

- Também é visto como um lugar de peitos, bundas, praia, cobras e floresta. 'Anaconda 1' e 'Anaconda 2' foram filmados no Brasil - completa Rosenthal.

Ele e outros nomes ligados ao ramo da locação apresentaram um diagnóstico da atividade no Brasil durante o 39o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Construir a imagem do país como um destino, explicam, é uma das etapas fundamentais para que o negócio funcione. O caminho é transformar o Brasil num local mais desejado e, ao mesmo tempo, economicamente atrativo.

- A gente filma Japão, França, Espanha. Essa possibilidade tem tudo para atrair muitos investimentos de fora, mas um superproblema é a questão do câmbio - diz João Roei Jardim Garcia, produtor e consultor audiovisual.

Há em países vizinhos, no entanto, melhores condições de custo e mais apoio governamental para atrair locações estrangeiras. Argentina, Chile e Uruguai, embora menores e com menos diversidade natural e cultural, ainda deixam o Brasil para trás.

Produtores do país inteiro perceberam nesse nicho um potencial ramo de negócios. Consultorias especializadas no contato com empresas estrangeiras de cinema, as chamadas Film Commission, fazem a ponte para 'vender o Brasil' lá fora e atrair investimentos na casa dos milhões.

Mas trazer grandes filmagens para o Brasil exige investimento em infra-estrutura, sobretudo turística.

- O lugar de destino também pode se beneficiar das filmagens. Por exemplo, 30 por cento dos britânicos viajam influenciados pelo audiovisual - afirma Pedro Wendler, diretor de Relações Internacionais do Ministério do Turismo.

- Depois da trilogia de 'O Senhor dos Anéis', há estudos que atestam incremento de 400 por cento no número de turistas que viajam para a Nova Zelândia - acrescenta.

O Brasil já começa a colecionar seus exemplos. O famoso longa-metragem 'Cidade de Deus', visto nos principais circuitos de cinema do mundo, trouxe divisas internacionais de turistas curiosos em conhecer cenários cotidianamente estampados nas páginas policiais.

- Hoje em dia, o turismo nas favelas vem crescendo, muito em função do Cidade de Deus', diz Eitan.

O sonho das Film Commission é transformar o Brasil num México ou numa África do Sul, grandes centros de locações internacionais.

Segundo Wendler, os dois países atraíram, no ano passado, 450 milhões de dólares e 330 milhões de dólares, respectivamente.