ASSINE
search button

Grupo Corpo lembra 21 e traz Gira, com trilha do Metá Metá

José Luiz Pederneiras/Divulgação -
Tabuada de sete
Compartilhar

Três vezes sete: 21. 

Sete é o nome da terceira faixa da trilha sonora de “Gira”, mais novo espetáculo do Grupo Corpo, que o apresenta até segunda-feira no palco do Theatro Municipal.

Sete é o número de Exu, tema sobre o qual a companhia de dança montou sua cenografia.

Sete é o número de bailarinos que compõem a maioria das danças em conjunto de “21”, de 1992, que o Corpo volta a encenar agora, com “Gira”.

Macaque in the trees
Tabuada de sete (Foto: José Luiz Pederneiras/Divulgação)

Três é o número de integrantes fixos do Metá Metá, banda que compôs a trilha sonora de “Gira” e cujo nome significa “três em um” no idioma africano iorubá.

No palco, não é três, mas dois em um os balés que o Corpo mostra, metodicamente, em seus programas: sempre o mais novo e um antigo – o que estiver há mais tempo sem ser encenado.

As coincidências numéricas ocorreram por acaso, segundo os irmãos Paulo e Rodrigo Pederneiras, fundadores do Corpo, que, em 43 anos de atividade, tornou-se referência internacional da dança contemporânea brasileira.

“O ‘21’ era realmente um jogo de números, uma brincadeira relacionada às divisões em sete”, explica o coreógrafo Rodrigo Pederneiras, sobre o balé firmado como um divisor de águas na história do grupo de dança, que, desde então, passou a ter como regra o uso de trilhas sonoras feitas especialmente para seus espetáculos.

Macaque in the trees
Visual multicor do revisitado balé "21" contrasta com o branco predominante dos terreiros de "Gira", dedicado a Exu (Foto: José Luiz Pederneiras/Divulgação)

Já utilizada no início, em “Maria, Maria”, de 1976, com música de Milton Nascimento e Fernando Brant, a fórmula foi retomada em 1992, com o grupo Uakti, e permanece até hoje.

Previsto para 2019, o próximo tema já foi encomendado a Gilberto Gil, mas, segundo os irmãos, ainda não foi definido pelo músico.

Marca de figurino e luzes de “21”, as expressivas cores avermelhadas e amareladas dão lugar ao branco predominante de “Gira”, conforme a praxe da indumentária dos terreiros.

“Luz, para mim, é muito conceitual”, descreve o diretor artístico Paulo Pederneiras, que também trabalha a iluminação. “Propus um espaço quadrado de luz e, em volta, tudo escuro, luz e trevas. Cada bailarino é como um espírito convidado a participar da gira e, depois, volta ao seu local de origem. No figurino, só tem branco e um colorido vermelho no pescoço”.

Paulo conta que convidou o Metá Metá ao ver ao vivo, pela primeira vez, a banda que funde elementos de jazz e música brasileira e africana.

“Eles todos são ligados ao candomblé, por isso fizeram essa proposta”, lembra Paulo, sobre a construção do trabalho, concluído ano passado.

Rodrigo lembra que começaram pesquisando o candomblé. “Depois, me fixei na umbanda, porque, além de abraçar o candomblé, engloba catolicismo, espiritismo, pajelança... é muito Brasil. Então, passei a frequentar um terreiro, a Casa do Divino Espirito Santos das Almas, em BH, e tive uma boa vontade enorme do Pai Marcelo, que o organiza e me ensinou muito a respeito”.

Sobre a relação do balé com as expressões corporais da umbanda, o coreógrafo ressalta a escolha do tema. “Exu é movimento. É o Exu que abre caminhos. Por isso, para qualquer trabalho, é necessário pedir permissão e dar a primeira oferenda sempre para Exu para que as coisas realmente aconteçam, inclusive a festa e a dança”.

---------

SERVIÇO

GRUPO CORPO – GIRA E 21

Theatro Municipal (Pça. Floriano, s/n, Cinelândia; Tel.: 2332-9191). Hoje, amanhã e seg., às 20h; dom., às 17h. R$ 60 a R$ 120.

José Luiz Pederneiras/Divulgação - Visual multicor do revisitado balé "21" contrasta com o branco predominante dos terreiros de "Gira", dedicado a Exu