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Temática adolescente em "Luna" seduz o público

Divulgação -
Ficção de Chris Azzi fala de empoderamento, superexposição nas redes sociais, assédio e bullying, entre outros temas
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O filme de estreia na ficção de Cris Azzi, “Luna”, foi ovacionado pelo público que lotou a sessão da competição oficial no Cine Brasília. O cineasta provou ser dono de uma imensa sensibilidade ao realizar uma obra que dialoga tanto com o feminino. A trama sobre adolescentes aborda uma miríade de temas, alguns como empoderamento, bullying, assédio, suicídio e superexposição nas redes sociais.

“Ainda tenho dificuldade em definir a sinopse do filme. Para mim, é sobre o rito de passagem da Luana, uma esponja em sua fase de descoberta e transformação”, diz o diretor. “Essas questões atravessam a Luana e o filme não é exatamente sobre nenhuma delas. Durante o processo de feitura, fui muito questionado sobre isso, mas foi uma escolha consciente de colocar a personagem atravessada por essas questões, mas que nenhuma fosse maior que o processo de descobertas”, acrescenta sobre o enfoque do filme.

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Ficção de Chris Azzi fala de empoderamento, superexposição nas redes sociais, assédio e bullying, entre outros temas (Foto: Divulgação)

A trama que gira em torno de um vídeo íntimo vazado de Luana (Eduarda Fernandes), que leva a menina a uma situação-limite e a cogitar o suicídio. O filme então corta para os dias de escola e a chegada de uma nova aluna, Emília (Ana Paula Ligeiro), oriunda de uma classe social mais rica, e que faz amizade com Luana.

O excelente resultado de Luna vem da generosidade de Cris Azzi em abrir seu processo criativo. Foram feitas seleções para as protagonistas que acabaram sendo encontradas no Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). Difícil imaginar o filme sem elas. A produção mineira também permitiu que as jovens fossem emprestando sua voz, para adequar a narrativa estabelecida pelo roteiro.

Temas que necessitam de uma grande sensibilidade, como as descobertas dos corpos, a ausência dos pais e uma valorização incrível da floresta, sonhos e neblina para manifestações oníricas foram realizados com precisão. A fotografia é um dos pontos fortes de “Luna”, nome do alter ego virtual de Luana e que serve como título. O clímax é forte, pulsante como demanda os dias atuais e garantiu a catarse do público presente. “O final ficou de fora do filme em muitas versões da montagem, eu tinha a sensação de que ele tinha um tom um pouco distinto do resto. Com a maturação da montagem a gente foi entendendo que queríamos deixar uma ponta de esperança, não uma sensação de resignação. Ainda que apontasse um caminho”, conclui Cris.

*Assistente de direção e jornalista