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Luz, câmera, gol!

Cinefoot chega à sua 9ª edição. Festival que une cinema e futebol vai até o dia 25

Divulgação -
Deus da raça: Homenagem aos 40 anos do Carioca de 1978, com gol de Rondinelli
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Fenômenos de massas, futebol e cinema flertam o tempo todo entre si. Inúmeras foram as vezes em que a sétima arte ficcional ou documental levou às telas a vibração, a energia, alegrias e tristezas que o esporte mais popular do mundo é capaz de proporcionar. De hoje ao próximo dia 25, em salas do Rio e de Niterói, a arquibancada vira poltronas de cinema durante a 9ª edição do Cinefoot - Festival de Cinema de Futebol. Mas não espere somente um tributo a clubes tradicionais ou a ídolos do esporte. “A cada ano, selecionamos produções que, embora estejam relacionadas ao futebol, não focam apenas nele. Em paralelo a este mundo, são abordadas questões de direitos humanos, de gênero, temas delicados neste universo”, destaca o cineasta Antônio Leal, organizador e curador do Cinefoot. Serão exibidos 40 filmes - 25 produções nacionais e 15 estrangeiras -, todos com entrada franca.

Entre as atrações internacionais, serão exibidas produções do Uruguai, França, Itália, Suécia, Argentina, Suíça, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. O filme de abertura será o longa uruguaio “Para sempre Chape”, do diretor Luis Ara Hermida. O dcumentário narra a trajetória da equipe da Chapecoense que chegou à final da Copa Sul-Americana de 2016 e cuja trajetória heróica foi interrompida em 28 de novembro daquele ano, quando o avião que transportava o time sofreu um grave acidente, provocando a morte de 71 pessoas. A história não parou e, em homenagem às vítimas e aos sobreviventes da tragédia, clube e torcedores procuram seguir em frente. A produção reúne depoimentos dos atletas, familiares e autoridades envolvidas com o acidente.

Expansão de festivais

Há oito anos, quando Cinefoot era organizado pela primeira vez, só havia outros dois festivais no gênero. Hoje, são 17, entre os quais China, Alemanha, Dinamarca e Portugal. A programação plural, aposta o curador, é capaz de atrair um outro tipo de público, e não apenas o torcedor comum. “Isso gera uma presença diversificada. Estamos criando uma relação com o público que transcende a arquibancada. Não precisa ser amante de futebol para ir ao Cinefoot”, reforça.

Um exemplo desta mentalidade, explica Leal, é o longa “Mario”, do suíço Marcel Gisler, que mostra a relação homoafetiva de dois jogadores que passam a dividir um apartamento providenciado pelo clube onde jogam. “Trata-se de um filme totalmente ficcional e que lança um olhar sobre um tema tabu no futebol”.

Ente os documentários, o organizador destaca “Triunfo”, produção americana dirigida por Kreshnik Jonuzi, Luftar Von Rama e Charlie Askew. “Este filme explora a relação conflituosa entre Albânia e Sérvia - quando albaneses foram proibidos de entrar no estádio numa partida entre as duas nações, durante as eliminatórioas da Europca de 2016. “Um albanês fixou uma bandeira de seu país num drone que ficou sobrevoando o campo de jogo. Depois que o equipamento foi derrubado pela torcida anfitriã, a bandeira foi objeto de disputa acirrada pelos jogadores em campo”, lembra Leal.

E uma das preciosidades do festival será a exibição do curta “Superstição e futebol”, de Silvio Lana. O filme, com 50 anos, estava dado como perdido até ser resgatado pelo diretor, que recorreu a uma cópia que se encontrava na Alemanha. Ganhador do Festival Internacional de Oberhausen em 1970, o filme burlou a censura da ditadura militar, sendo enviado para o festival com apoio das autoridades diplomáticas da Alemanha no Rio. “O filme trata da superstição e crenças de caráter religioso ligadas ao futebol. Tem Pai Santana (folclórico massagista do Vasco) num centro de umbanda, jogadores em reza constante nos vestiários e Pelé num depoimento na Vila Belmiro feito há 50 anos”, comenta.

As mostras competitivas de curtas e longas-metragens do festival serão realizadas pela primeira vez no Estação Net Botafogo e as mostras especiais ficaram para o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e para o Centro Cultural Justiça Federal, na Cinelândia.

O Cinefoot ainda estará presente em Niterói, no Cine Arte UFF. O Cine Teatro Eduardo Coutinho, em Benfica, também receberá sessões especiais do Cinefoot.Na sessão de encerramento do evento, será exibido o documentários inglês “A Copa dos Trabalhadores”, dirigido pelo inglês Adam Sobel. O trabalho lança um olhar atento sobre o cotidiano dos operários que estão trabalhando na construção da Copa do Mundo de 2022, a ser disputada no Catar.

O país asiático recebeu mais de um milhão de migrantes no esforço de entregar os estádios em tempo hábil para o país sediar o Mundial. O filme segue uma equipe de trabalhadores. De dia, eles suam para construir a Copa do Mundo em condições adversas, enquanto à noite competem em um torneio de futebol dos operários, jogando nos mesmos estádios que um dia receberão os maiores jogadores do mundo. “Cada partida disputada oferece uma fuga momentânea da saudade de casa e do isolamento dessas pessoas que formam a classe mais baixa do país mais rico do mundo”, comenta Antônio Leal.

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SERVIÇO

9º CINEFOOT - Festival de Cinema de Futebol
ESTAÇÃO NET BOTAFOGO (Rua Voluntários da Pátria, 88 - Botafogo)
De hoje a 25 de setembro

CCBB - CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro)
De amanhã a 24 de setembro

CCJF-CENTRO CULTURAL JUSTIÇA FEDERAL (Av. Rio Branco, 241 – Centro)
De amanhã a 23 de setembro

CINE ARTE UFF (Rua Miguel de Frias, 9 - Icaraí, Niterói)
De 21 a 24 de setembro, às 19h

CINE TEATRO EDUARDO COUTINHO (Av. Dom Helder Câmara, 1184 - Benfica)
Dia 22 de setembro, às 15h e às 19h

Entrada franca

*Todas as sessões possuem entrada franca e estão sujeitas à lotação da sala

Programação completa: www.cinefoot.org