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Seleção multirracial eleva franceses ao status de potência do futebol mundial

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229 anos e um dia após impregnar o mundo com valores de um mundo livre, igual e fraterno, a França promove sua nova revolução. Nos gramados da Rússia, sagrou-se bicampeã mundial ao derrotar a Croácia por 4 a 2, igualando-se a Uruguai e Argentina em títulos, e agora superada apenas por Brasil, Alemanha e Itália. Entrou no capítulo dos grandes do futebol depois que suas seleções passaram a montar equipes multirraciais formadas por descendentes de imigrantes, sobretudo africanos. A festa nacional da Queda da Bastilha, iniciada no sábado, prolongou-se em êxtase por toda a França, que cantou Liberté, Egualité, Fraternité e ... Mbappé! 

O treinador Didier Deschamps superou o trauma da perda da Eurocopa para Portugal há dois anos e, de quebra, igualou o feito de Zagallo e Beckenbauer tornando-se o terceiro a conquistar uma Copa como jogador e técnico, passando a integrar um grupo muito seleto. “Sim, os melhores técnicos!”, exultou Deschamps.

No ritmo de Marselheise, o comandante francês louvou o batalhão coeso que soube formar após sua maior frustração profissional: “Me fez tão mal perder o título europeu,  mas serviu para nos dar mais força. Desmistificamos essa história, mas o  jogo pertence aos jogadores: eles é que ganharam a partida e são campeões do mundo”, continuou. 

Dentre os disciplinados soldados de Deschamps, destaque para o trio formado por Griezmann, Mbappé e Pogba. Griezmann, eleito o melhor em campo na final, participou de três dos quatro gols franceses, Mbappé, eleito a revelação do Mundial, mostrou força e personalidade em campo, coroando sua Copa brilhante com um belo gol. E Pogba, que também deixou o seu, comandou as barricadas do meio-campo.

Mas a Croácia não pode se abater com perda do título. Foi grande em toda Copa e foi a melhor em campo até a França sepultar suas pretensões marcado o terceiro gol. Os vice-campeões impuseram aos novos bicampeões mundiais 61% de posse de bola e trocaram o dobro de passes do adversário que, por sua vez, foi mortal em seus contra-ataques e finalizações. 

Aos 16 minutos, o árbitro argentino Nestor Pitana marcou falta inexistente de Brozovic sobre Griezmann. O camisa 7 lançou a bola sobre a área. Ela  desviou no atacante  Mandzukic, que deixou sua marca na baliza errada. 1 a 0 para os os Bleus. 

Herói por cinco minutos 

A vantagem no placar não intimidou a equipe croata que jogava melhor, mas a estrela de Luka Modric, eleito melhor da Copa, não brilhou tanto. Mesmo assim, aos 28, cobrou falta que terminou num belo gol de Perisic batendo de fora da área. Mas Perisic, que vinha subido de produção na Copa, foi herói por apenas cinco minutos: desviou a bola com a mão após escanteio cobrado por Griezmann. Pitana não apitou o pênalti de início mas apontou  a marca penal após consulta ao VAR. Aos 38, Griezmann cobrou deslocando Subasic com categoria, batendo à sua direita. 

Mesmo com menor posse de bola, a França decidiria os rumos da final nos 19 primeiros minutos da segunda etapa. Aos 13, Pogba marcou após duas tentativas de chute a gol. O primeiro chute, de direita, bateu na zaga mas o segundo, de esquerda, morreu bem colocado à direita de Subasic. Aos 19, o jovem Mbappé, que infernizava a defesa croata com suas arrancadas fulminantes, mostrou seu talento. Recebeu de Hernández na entrada da área e mandou um forte chute no canto direito de Subasic. Com o 4 a 1, o camisa 10 francês tornou-se o segundo jogador mais jovem a marcar uma fi nal de Copa - atrás apenas de Pelé, que voltou a saudar o jovem astro em suas redes sociais. “Assim vou ter de tirar a poeira das chuteiras”, brincou o Rei do Futebol. 

A Croácia jamais se entregou e ainda buscou um gol na disposição de Manduzkic, que se valeu da falha grotesca de Lloris, que tentou driblá-lo. 4 a 2 com jeitão de gol de pelada. Eram 23 minutos e a Croácia precisava de um milagre.

Aos pés da Torre Eiffel, cerca de 100 mil pessoas testemunharam o triunfo de festejaram a brilho de Kylian Mbappé, o herói da nova Bastilha. O 15 de Julho nunca mais será o mesmo para os franceses. 

França: Lloris; Pavard, Varane, Umtiti e Hernández; Pogba, Kanté (Nzonzi), Mbappe, Griezmann e Matuid (Tolisso); Giroud (Fekir). Croácia: Subasic;  Vrsaljko, Lovren, Vida e Strinic (Pjaca); Rakitic, Brozovic, Rebic (Kramaric), Modric e Perisic; Mandzukic. Juiz: Nestor Pitana (Argentina). Cartões Amarelos: Kanté e Hernández.