ASSINE
search button

A cidade tem sido para as mulheres o lugar do receio e do medo 

Compartilhar

A cidade deveria ser o lugar do encontro da diversidade dos e das que a compõem. Mas para além da melancolia que descrevi aqui em meu último artigo (4/10), a cidade tem sido para as mulheres, e não é de hoje, o lugar do receio e do medo. 

Para além da velha fórmula do mais segurança, logo, mais efetivo policial, que já sabemos não é a mais eficaz, é sem dúvida imprescindível que se construam ações que deem conta de educar a sociedade contra a violência praticada para com as meninas e mulheres. 

A naturalização e até mesmo a minimização de atos violentos contra as mulheres e seus efeitos subsequentes nos faz cada vez mais ligar o sinal de alerta, e concluir que algo muito errado ronda nossa sociedade. 

Há uma espécie de acordo silencioso que produz aberrações, como por exemplo manter de algum modo a vítima no papel de culpada. Uma jovem senhora, religiosa e mãe de família, sofreu uma tentativa de estupro ao voltar do culto de sua igreja; ao relatar o caso em um encontro de mulheres, fez referência a estar usando uma roupa "comportada", mas algumas pessoas a culparam por escolher uma igreja em um lugar distante e etc. 

Casos como esse nos dão a dimensão do quanto precisamos avançar no sentido de dar às mulheres a possibilidade de acessarem a cidade sem medo, sem precisar se utilizar de estratégias para se protegerem em trens, ônibus, ruas e até em suas próprias residências. 

Não devemos aceitar e nem deixar que a violência contra meninas e mulheres faça parte de modo tão natural do nosso cotidiano. Porque esse não é o mundo que a gente quer. 

* Consultora na ONG Asplande , Colunista e Membro da Rede de Instituições do Borel