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Jacarezinho pede saída para a onda de violência

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A favela do Jacarezinho foi palco de uma reunião com representantes de instituições, órgãos públicos, parlamentares, presidentes de diversas associações de moradores e moradores e moradoras dali e de sua vizinha Manguinhos, para buscar de maneira coletiva, uma saída para a onda de violência que vem assolando as comunidades e ceifando vidas. 

Para além da perda de vidas, os efeitos nocivos passam pela alteração das rotinas, adoecimento da população, prejuízos ao comércio local (um morador dizia indignado que o comércio de seus pais não abre a oito dias). Outra moradora relatou que na noite anterior "lutou" para conseguir transporte para levá-la a uma unidade de saúde, pois sua pressão ficou muito alta, fazendo com que ela tivesse que além de ser medicada, permanecesse na unidade por precaução. 

Esta vivência da dita guerra às drogas vem produzindo um efeito colateral ainda mais devastador: a perda da alegria, marca da vida em comunidade. A criminalização da pobreza não rouba a vida somente, ela rouba o sentido da própria existência e a celebração das pequenas coisas. 

Em um encontro para falar sobre a criminalização do funk na Câmara dos Vereadores, a MC Carolzinha do "Passinho Carioca" mencionou a ausência da alegria nas favelas nestes tempos de operações que não têm nenhum compromisso com a vida dos que ali vivem, haja visto o horário escolhido destas incursões. "Onde está a alegria das favelas?", questionou. 

A rua, o beco, a praça, o som, a festa a dança, e o encontro cerceado. A alegria da favela é um bem imaterial. Com isso, o esforço coletivo para que a violência e a criminalização da pobreza embuta uma série de perdas irreparáveis, e deixe de ser a única relação do estado com as favelas

Colunista, Consultora na Ing Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel