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O povo está desempregado, e Cabral vendo futebol na TV

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Mesmo falindo o Rio de Janeiro e deixando milhares de cariocas sem emprego, hospitais precários, servidores sem salário, violência em alta e retirando os programas sociais da população mais pobre, o ex-governador Sérgio Cabral, chefe do esquema de corrupção que afundou a cidade, foi transferido para uma casa recém-reformada.

Cabral foi transferido para Benfica, no Antigo Batalhão Prisional que foi reformado para receber presos com diploma de nível superior. Lá ele tem direito a uma cela de 16m², com banheiro, um confortável colchão usado pelos atletas nas olimpíadas e até mesmo a possibilidade de instalação de uma TV de 14 polegadas. Neste presidio não tem nem mesmo detector de metais e bloqueadores de celulares. Vale lembrar que este mesmo local foi interditado em 2015 por apresentar várias irregularidades. 

Nada contra o conforto do detento, mas se compararmos com a situação de milhares de brasileiros, Cabral continua na melhor. Se hoje ele tem esse espaço e esses recursos, tem muito carioca sem dinheiro para pagar o aluguel que teve que ir para a rua. Tem muito pai de família desempregado sem o dinheiro do pão para seus filhos. Na favela e por áreas pobres do Brasil, milhares de casa não possuem essa estrutura que ele pode usufrui. 

Sábado, ele pode até ter assistindo à final da Liga dos Campeões e continuado com seus negócios pelo celular. Não é todo brasileiro que pode estar hoje assistindo ao futebol, deitado, com comida e regalias garantidas.  Cabral não está vivendo nem de longe o que o povo está sofrendo com a crise que ele causou. E não vai demorar para ele estar na rua de novo, com a delação e um brinde no tornozelo “por colaborar com a justiça”. 

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestre em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade