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O abandono da Uerj é o fim da vida científica no Rio de Janeiro

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Mesmo diante de muita luta e manifestação professores, estudantes, artistas e intelectuais em defesa da Uerj, a derrocada continua. Os profissionais da universidade não tiveram todos os seus salários pagos, os estudantes ainda não estão em dia com suas bolsas, a instituição ainda está sem serviço de bandejão. Não tem recolhimento de lixo, os expedientes dos funcionários terceirizados da segurança e limpeza continuam diminuindo. 

O que vemos é um dos patrimônios mais caros à cidade do Rio de Janeiro, fundado em 1950, entrar em ruínas. A mais de seis meses fechada, vemos o descaso e o sucateamento de um valoroso equipamento público do Estado. A Uerj respira por aparelhos, e a situação tende a piorar. 

Para o entendimento do leitor, é a quinta vez que a Uerj cancela o inicio das aulas. É a quinta vez que os alunos criam expectativas em voltar a estudar, é a quinta vez que muitos jovens veem seu futuro com muito medo, por não saberem se a universidade volta ou não a abrir suas portas. A casa do saber vira casa da preocupação, da insegurança e do medo.

O retrato falido da gestão do governo do estado deixa marcas profundas no processo de formação da intelectualidade carioca e fluminense. Sem a casa do saber que mais incorporou negros e pobres em suas fileiras, o Estado tende a ver diminuir o numero de profissionais graduados e pós-graduados. As pesquisas de iniciação cientificas estão paradas. Não tem equipamento, não tem material. 

Se lembrarmos que é das universidades que a produção cientifica, dos grandes polos de pesquisas e inovações tecnológicas, veremos que o futuro do Estado do Rio de Janeiro está vulnerável e comprometido. No barco do abandono da Uerj, vemos afundar juntas a Uezo e a Uenf. O ensino superior do Rio pede socorro.

Parafraseando Leonardo Boff em um artigo aqui publicado no JB, “O lema das manifestações é “luto e luta”: luto pela agonia deste centro de excelência e luta para garantir sua existência contra o sucateamento e sua eventual privatização. Salvar a Uerj é garantir a seiva da vida intelectual e artística da cidade e permitir que o Brasil inteiro se beneficie com seus serviços sérios e excelentes”.

Seguiremos na luta. #UERJresiste

* Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ