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Nosso clamor é por respeito

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"Eu quero é viver em paz", diz o verso da canção do maravilhoso Djavan. Poderia ser frase retirada de uma conversa rápida com qualquer morador ou moradora do Complexo do Alemão ou da Maré. 

Poderia na verdade, ter composto a frase dos... favelados e faveladas que vivem nas favelas e periferias do Rio de Janeiro e do Brasil.

É alto o nível de violações infringido às pessoas que vivem nestas áreas, que contribuem não só com impostos, contrariando o senso comum, que alardeia a falácia de que favelado e favelada não pagam impostos. 

Os favelados e faveladas pagam, e pagam com gosto. Pagam porque para os mais pobres, vale o provérbio bíblico de que 'vale mais o bom nome do que as muitas riquezas". Nas suas prestações das tantas e tantas lojas de eletrodomésticos, departamentos e nos supermercados, revendas de cosméticos, transportes e etc..

Mesmo assim é tratado(a) como cidadão(ã) de segunda classe. O nível ou os níveis de violência a que são e estão permanentemente expostos(as) é sem sombra de dúvidas, desumano. 

As mulheres e as crianças, depois dos jovens, que são as maiores vítimas letais, sofrem os efeitos colaterais do insano resultado da ineficaz "guerra às drogas".

São elas que adoecem no corpo e na alma.  Que enterram filhos e sonhos. Que perdem partes dos seus corpos com a diabetes, que se debilitam com as consequências da hipertensão arterial, que perdem o controle de si com a síndrome do pânico. 

Neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, o nosso clamor é por respeito. A nossa luta é para que não tenhamos mais Cláudias, mas que não esqueçamos que naquele corpo negro de mulher supliciado na sua morte, havia um pouco de todas nós. 

E isso nos conclama, sim, a nós, mulheres, mas principalmente, nós negras, brancas pobres, faveladas e/ou periféricas, a lutarmos por uma sociedade onde não vivamos eterna e constantemente com medo. 

*Colunista,Pesquisadora, Consultora na ONG Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel