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Mudanças na educação não podem ser impositivas

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Uma Medida Provisória (MP) foi publicizada na quinta-feira pelo ministro da Educação e pelo presidente da República, dando conta de mudanças profundas no ensino médio, como por exemplo, a transformação de algumas disciplinas obrigatórias em opcionais, no que se intitula de flexibilização do currículo.

Aliás, esta palavra, flexibilização, vem ganhando cada vez mais espaço.

Disciplinas como Artes, Matemática e Educação Física, estão entre as disciplinas flexíveis e opcionais aos estudantes do nível médio.

Mais espécie causa tal atitude precipitada deste novo governo, pois vivemos um contexto recente de ocupação de diversos estabelecimentos de ensino por parte dos alunos e alunas da rede pública de todo o país.

No centro das ocupações, reformas que melhorem a qualidade do ensino, diminuam a evasão escolar, tornem o ambiente escolar mais atrativo, que condições decentes sejam dadas aos docentes e profissionais de apoio para exercerem seus ofícios, mas que tudo isso fosse construído com toda a comunidade escolar.

Não há possibilidade de vingar na atual conjuntura, projetos que sejam pensados e implementados de maneira impositiva , ainda mais em educação.

Não contemplar as discussões e propostas construídas a partir de discussões qualificadas embasadas em sérias pesquisas ao longo de muitos anos por especialistas em educação, construção de indicadores e sociedade, é um tiro que periga sair pela culatra.

Não se pode tratar tema tão delicado com tamanho açodamento, dadas as condições em que nos encontramos em relação ao ensino médio hoje e que se não se guardarem as devidas proporções, ampliando o debate para toda a sociedade, corremos o risco de  agravar ainda mais as desigualdades. 

*Consultora na ONG Asplande,Colunista, Pesquisadora e Membro da Rede de Instituições do Borel