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Um golpe e seus efeitos na favela 

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Enquanto todos os holofotes estão direcionados a uma guerra a qualquer preço pelo poder, onde não se respeita a democracia, os brasileiros continuam sofrendo cada vez mais com as consequências de uma crise que afeta, principalmente, os mais pobres. Trabalhadores e trabalhadoras pagando por crimes que não cometeram. Quanta propina, quantos nomes em uma lista que cada dia aumenta mais. Quanto dinheiro que poderia resgatar nossa juventude e transformar a realidade das favelas.

A vida na favela está ainda mais difícil: faltam empregos e oportunidades não só para os jovens, mas para toda população. O número de desempregados aumenta e muitas pessoas já não encontram mais solução para arcarem com as despesas familiares. Tem gente se virando como pode, fazendo bicos, improvisando, se dobrando para tentar garantir o sustento e ainda assim tendo que assistir aos milhões desviados e que enriqueceram alguns, empobrecendo o povo. 

Nos últimos tempos, o pouco de direitos que tínhamos já nos foi tirado. Os jovens já não têm direito a estudar, pois as escolas estão em greve. As obras nas favelas foram abandonadas e tudo cada dia fica mais caro. As opções de lazer continuam distantes da realidade da favela. O que resta para favela são abordagens policiais, onde vidas são tiradas, como nos confrontos acontecidos na última semana no Complexo do Alemão.  

Enquanto um golpe tramita no Senado, nossos direitos são cada dia mais ameaçados. As escolas são retiradas. As oportunidades são retiradas. Os empregos são retirados. 

E o que esperam dessa juventude das periferias?

* Davison Coutinho, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.