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Criança dormindo é baleada na guerra na Rocinha. Até quando?

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Wesley Barbosa de Oliveira de 12 anos, estudante da escola pública e morador da localidade conhecida como “Césário”, foi atingido por um tiro de raspão na cabeça. Segundo familiares, Wesley ainda estava dormindo e vestia pijama quando foi atingido. O menino se encontra em atendimento no Hospital Miguel Couto. 

Apesar do tiro ser de raspão, o ferimento foi grande na cabeça do menino, próximo ao olho. Por proteção de Deus não foi fatal. Esse é o preço que se paga pela guerra nas favelas. Quem paga é o inocente, a criança, o morador. Enquanto a guerra for combatida com violência são esses os resultados que irão se apresentar. A paz só pode ser feita com paz e não com mais e mais confrontos armados.

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Que Deus proteja a vida do menino Wesley. Antes que falem ou tentem incriminar o menino, como é de costume quando a vitima é morador de favela, afirmo que esse menino é um sonhador, de família, estudante, aluno do Projeto Criança Esperança de formação em audiovisual do Centro Comunitário União faz a força na Rocinha e estava quase na hora de acordar para ir ao projeto. É filho de uma mulher trabalhadora da Rocinha. É morador de uma das áreas mais carentes da Rocinha, um local abandonado pelo poder público, onde o governo nunca pregou um prego.

O que vivemos hoje na Rocinha, não se via há muitos anos. Moradores compararam o episódio à guerra de 2004, quando a favela foi invadida. Estamos em 2015, anos após a “pacificação”, e essa guerra não acaba. Morre policia, morre bandido, morre inocente. Até quando?

* Davison Coutinho,  morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.