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Favela: um lugar de ambiguidades e de aprendizagem

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Bem, eu completo mais um aniversário. Sobrevivi. Vi tantas mortes, tantas lágrimas, tantas perdas e tantas promessas. Vi a favela ir se transformando. Esse organismo vivo e pulsante.

Esses momentos são sempre bons para reflexões. Então, vamos a elas. Porque, com a oportunidade de escrever essa coluna, posso compartilhar com vocês essa reflexão.

A favela segue, com toda sua escassez, descontinuidade de políticas essenciais e com o peso de ser o grande mal de cada século, tendo a cota de culpa que lhe atribuem por tantos males, reiterada de tempos em tempos.

Esse lugar de ambiguidades, signo de tantas coisas, da violência, da alegria, da solidariedade, da falta, do não ser.

Muitos não querem aceitar a realidade de que sem incentivo, os negros e mestiços só tiveram esse lugar para dar continuidade a suas vidas. Não entraram na cota direcionada aos migrantes europeus, que tiveram incentivo e condições mais do que generosas para "fazer a vida".

A favela me ensinou, a favela me constituiu, a favela atravessa minha relação com a cidade e ela mesma se constitui como parte indissolúvel da cidade. Por isso, falar daqui, desse lugar, escrever sobre ele e seu cotidiano, são ações fundamentais para dar à cidade elementos que possam ajudar a entender esse lugar tão controverso.

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)