ASSINE
search button

A violência policial no Paraná é o reflexo do jeito tucano de governar

Compartilhar

Um governo que agride professores não possui outra finalidade que não seja comprometer o futuro de uma nação. Vimos na ultima quarta feira (29) um atentado ao Estado Democrático de Direito e um verdadeiro retrocesso cívico, moral e ético na cidade de Curitiba. Um verdadeiro massacre cometido pela Polícia paranaense que deixou mais de 200 pessoas feridas e revelou as facetas mais sangrentas de uma política pública orquestrada pelo tucano e governador do Paraná, Beto Richa. 

O conflito com os servidores públicos do estado teve início ano passado, quando o governador apresentou um projeto de lei (PL) à Câmara dos Deputados que tinha por finalidade transferir os fundos de investimento da Paraná Previdência para o fundo financeiro do Estado, dando um golpe nos servidores públicos. Os profissionais da educação desencadearam o inicio da greve em 9 de fevereiro ao se sentirem violentados com o PL proposto pelo governador Beto Richa. Porém, foi na ultima quarta que o conflito ganhou tamanha repercussão nacional e internacional pela gravidade da repressão aos grevistas, servidores e manifestantes. 

Os professores, servidores públicos do Estado e manifestantes foram impedidos pela Justiça paranaense de acompanhar a votação do então projeto do governador que altera as regras de contribuição das suas próprias aposentadorias. Após uma liminar concedida pelo desembargador do Paraná, o Presidente da Câmara dos Deputados, Ademar Traiano (PSDB), garantiu que ninguém entrasse na Câmara durante a votação e não só feriu o direito constitucional à livre manifestação dos cidadãos, como permitiu que os manifestantes virassem alvos da truculência  da Polícia Militar, onde alvejados por balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e mordidas de cachorros, foram escorraçados no meio da praça Nossa Senhora da Salete.

O estudante Walison Patryk, de 17 anos, testemunhou uma das cenas mais assustadoras da sua vida. Diretor de políticas educacionais da UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), Walison apoiava o ato dos servidores e profissionais da educação. Estava junto com os demais manifestantes que vivenciaram duas horas intensas de conflitos com a PM. O estudante declarou para esta coluna que viveu sobre a pressão de um cenário real de guerra.

“Enquanto resistíamos à pressão da polícia que ocupou os arredores da Câmara, para ninguém entrar na votação, vimos chegar dois helicópteros que jogavam bomba de gás em cima dos manifestantes de dentro do Helicóptero. Tinha atirador de elite em cima de alguns prédios, e para piorar a nossa situação e a dos feridos, a tropa de choque bloqueou a entrada da ambulância na praça para socorrer os feridos, foi horrível. Me lembrei das minhas aulas sobre a ditadura militar. A diferença que não estávamos armados e não tínhamos como se defender do ataque da polícia”, descreveu Walison Patryk sobre seu drama em meio a manifestação.

Para a militante Amanda Jaqueline a pancada mais forte veio sobre os professores. Para ela “as educadoras e educadoras do Paraná foram violentamente contidos/as de seu direito de manifestação no ultimo dia 29 de abril.” Segundo Amanda, “a desproporcionalidade do uso da força policial foi tamanha que deixou mais de 200 feridos, prédios próximos ao centro cívico foram evacuados, inclusive creches.” Para ela, o governo PSDB desrespeitou o povo do Paraná, substituiu a mesa de negociação pela praça de guerra”.

Os tempos sombrios da ditadura militar voltaram com a brutal repressão e violência às manifestações dos trabalhadores em todos os Estados da Federação. Não só no Paraná, mas em todo canto do país onde um sindicato se organiza, logo é rechaçado pela polícia a mando dos atuais coronéis que mandam e desmandam em nossas cidades. A República Velha se reinstaurou e a vítima da vez é quem ensina o povo a pensar. Só sei de uma coisa, quem trata seus educadores dessa forma, que vergonhosamente vimos nesta ultima semana, não serve para governar nem um boteco.

Educadores seguem, legitimamente em greve, contra um governo desumano e cruel que, quer na "mão grande" tomar pra si, o fundo de aposentadoria dos servidores estaduais!

Não podemos pactuar com um massacre sem precedentes históricos como o ocorrido no ultimo dia 29 no Paraná. A luta dos professores do Paraná é a luta de todos nós!

*Walmyr Júnior é professor. Representante do Coletivo Enegrecer como ConselheiroNacional de Juventude - CONJUVE. Integra Pastoral da Juventude e a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.