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Livrai o pobre e o necessitado

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A semana começa e a gente pensa que vai dar uma respirada, voltar pro eixo, depois de passar pelo tornado ou pelo rolo compressor da máquina de moer gente, manipulada pelo estado e que nos arrancou o jovem Alan e deixou no peito de Chaun sua marca.

E é o peito da gente que fica um pouco mais apertado ao ver a inocência do adolescente, que veste uma camiseta com o losango do Brasil bem no peito. Losango que representa a sabedoria.

Ironia. Sabedoria que é o que menos se exerce neste país. Sabedoria também pode ser entendida como prudência, habilidade no trato com pessoas e situações.

Tudo o que faltou durante a infame entrevista com um determinado personagem que habita a cena televisiva e que confessou a autoria de um estupro. Estupro de uma mulher e aviltamento de uma sede religiosa, já que afirmou estar em um momento de ritual religioso.

Mais uma vez, volto ao losango de nossa bandeira, e que figurou o peito de Chauan na última semana. Como que buscando o apoio da sua pátria-mãe, que de gentil, para quem vive em lugares onde ele vive, não tem nada.

O losango, segundo o dicionário Chevalier de símbolos, também é a representação da mulher em toda a sua completude. Que coisa!

Em duas semanas, pudemos perceber o quão cruel estamos nos tornando como sociedade.

Não nos comove a agonia da morte de um menino de 15 anos, ali, gemendo na hora do jantar, bem na sua frente, como um animal indefeso abatido na inocência de seu cotidiano, por nada.

Não comove esta sociedade entorpecida pelo racismo e pelo preconceito, a frase final do menino, sobre o fato de estarem só brincando. A mãe-de-santo, personagem do estupro contado como se conta a ida ao cinema, é recebida com risadas e ausência total de constrangimento.

Um sinal claro de que algo está literalmente fora da ordem. O que nos despertará desse torpor? Qual catástrofe social nos fará abrir os olhos?

O EI afirmou que começou à queimar pessoas vivas, porque a sociedade não estava se comovendo com decapitações.

Triste sociedade essa em que vivemos. Fiquemos com o apelo do salmista que diz:Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)