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Queria falar de flores...mas ainda não dá

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Queria falar mais de flores, mas ainda não dá, ainda precisamos podar os espinhos. A declaração (mais uma) de uma organização internacional de Direitos Humanos, a Human Rights Watch, de que o número de execuções no Rio e em São Paulo é assustador, dando conta que em São Paulo, essa conta subiu 97% e no Rio de Janeiro, 40% em 2014.

Em São Paulo, 728 mortes(declaradas) e 582 no Rio de Janeiro. Para ambas as conclusões, as declarações oficiais nem de longe demonstram qualquer tipo de constrangimento ou desejo de mudança no atual modo de ação da Segurança Pública nos estados mencionados no relatório.

A grande questão é que a ferramenta mais utilizada na tentativa de manutenção da ordem social no que se refere à segurança, é a vitimização de sujeitos, o que promove um sem número de perdas humanas desnecessárias, como as que todos nós estamos acompanhando em uma espécie de contabilidade macabra com os episódios de "bala perdida".

É imprescindível a discussão exaustiva sobre nosso modelo de segurança pública. É mais do que urgente repensar nossa política de "guerra às drogas", onde o que se tem como referência é determinado tipo de lugar e um tipo determinado de grupo apresentado como "risco" em potencial, aumentando assim a letalidade em torno de um grupo distinto e diminuindo a expectativa de vida deste grupo.

O grupo em questão, jovens, negros e de áreas periféricas da cidade, tem produzido uma verdadeira anomalia em nossa sociedade. Não é aceitável em uma sociedade que se pretende democrática de fato, dar continuidade à um projeto que vem se mostrando caro demais.

Não podemos nos pensar como sociedade democrática, com índices tão altos de mortes em ambos os lados, pois assim, todos perdemos. Perdemos quando profissionais de segurança, pobres, mal remunerados, trabalhando por muitas vezes em condições adversas são alvo da violência, quando são os agentes dela, quando a sociedade é vítima deles.

Perdemos quando jovens perdem suas vidas, compondo grupos ilegais armados ou cometendo delitos, muitos por nunca terem conhecido outro tipo de oportunidade.Enfim, a sociedade perde, e perde sempre. Porque vida é sempre preciosa. 

"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)