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Cidade no Black Friday e Rocinha na bala perdida

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Enquanto todos estão voltados para uma sexta-feira “Black Friday”, termo importado que nomeia a ação de vendas que acontece após o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, a Rocinha acorda com um dos mais intensos tiroteios dos últimos meses. Desta vez, o confronto aconteceu na Estrada da Gávea e Cachopa e deixou todos os moradores em pânico. O resultado de mais um dia de violência, além de todo caos gerado em plena manhã de sexta-feira, é da triste noticia de mais um morador, trabalhador, que foi atingido por uma bala perdida.

“Não aguentamos mais essa violência, mais um pai de família que sofre com ela. Que nós moradores da Rocinha possamos andar mais atentos, pois não tem dia nem hora para acontecer os conflitos. Hoje foi ele, amanhã pode ser qualquer um de nós. Que possamos orar mais pela nossa Rocinha”, desabafou o líder comunitário e membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos-RJ, William de Oliveira.

Muitas vezes, prefiro me ocultar a não escrever sobre os tiroteios da Rocinha. Estão diários, virando rotina. É preciso que algo seja feito. Quantas vidas ainda serão perdidas? 

Até quando teremos que conviver com tanta violência? Todos os dias sofremos conflitos. Não sabemos mais se dá para ir comprar o pão e voltar pra casa, ou se não seremos atingidos dentro da própria casa. O que nos resta é rezar, orar e se apegar na Fé. Que Deus proteja mais essa vítima.

* Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.