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O alvo são as eleições, mas o tiro está acertando nossos jovens

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Enquanto todos os olhares estão direcionados para as eleições, a violência continua tirando a vida de nossos jovens. A tragédia sempre se repete e a história é a mesma: jovens pobres moradores de favelas e bairros das periferias que são assassinados e os casos tratados como se fossem acontecimentos naturais, com o silêncio das autoridades.

Segundo o Instituto de Segurança Publica do Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense concentra o maior registro de homicídios da cidade. Mais uma vez, seis jovens são baleados em Duque de Caxias, sendo dois maiores de idade e quatro menores. Apenas um adolescente de 12 anos resistiu aos ferimentos e segue internado no Hospital.

Quantas vidas e futuros perdidos. Tragédias como essa não podem ser resolvidas atuando apenas na consequência (combate ao crime) e sim na causa (investimentos na educação e melhoria da qualidade de vida da população). Assim como nas favelas, nas periferias e na Baixada Fluminense é preciso empenho dos nossos governantes na oferta de oportunidades para os moradores e, principalmente, para as crianças e os jovens, para que possam construir futuros diferentes dos que estão acostumados a vivenciar.

Nossas comunidades não podem ser usadas e lembradas em épocas eleitorais, usadas como currais de voto. Muito se fala que a culpa é apenas do criminoso e do marginal, mas eu afirmo que não tem oportunidade suficiente para os nossos jovens. E não se trata de demagogia, o que falo é a realidade das favelas, só sabe quem aqui vive.

Esperamos que os novos governantes, ou os que se reelegerem tenham a sensibilidade de promover uma real transformação de nossas comunidades.

 

* Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.