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Rocinha, Vidigal e Chapéu Mangueira sofrem com descaso do governo

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O secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Carlos Osório, esteve na Rocinha e no Vidigal, junto com o prefeito Eduardo Paes, em agosto deste ano, e prometeu diversas melhorias para o transporte dos moradores da comunidade, instalou uma nova empresa, criou novos itinerários e ofereceu uma esperança para a solução do caótico transporte da Rocinha e do Vidigal.

No entanto, as coisas não foram como os moradores esperavam. A troca da empresa de nada mudou e o serviço continua de péssima qualidade. Foram criadas novas linhas que já complicaram a vida do trabalhador, fazendo com que os mesmos precisem pegar dois e até três ônibus para chegarem em locais na própria Zona Sul da cidade.

Para piorar a situação, a Secretaria de Transportes, nas últimas semanas, retirou uma das linhas de circulação da Rocinha (537) que desafogava os pontos da Gávea e era uma alternativa para os moradores conseguirem, pelo menos, sair da favela e continuar seus trajetos em outras linhas. A linha foi retirada da noite para o dia, sem nenhuma preocupação em avisar os moradores que ficaram indignados sem conseguir chegar ao trabalho e à escola. Se não tem ônibus para circular, libera as vans, reduziram o transporte complementar e não dão conta.

O secretário incentiva os usuários a pegarem dois ou mais ônibus com o bilhete único, o que parece uma solução óbvia. O problema é que se para conseguir um ônibus já é uma grande dificuldade, imagina dois. Bilhete único funciona em cidade com transporte de qualidade, aqui estamos longe desse padrão.

A líder comunitária do Chapéu Mangueira, Arlete Ludovice, expressa sua indignação: “Os ônibus demoram muito. O secretário de Transportes esteve aqui, já levei ofícios a ele, porém, não obtivemos respostas. A frota reduzida não atende aos moradores e final de semana pior ainda. Precisamos que alguns ônibus circulares façam o contorno aqui no Leme, é preciso um estudo para resolver nosso problema. Não é aumentar a quantidade, é a organização do serviço. Falei para o secretário de Transportes aprender a ouvir as pessoas, só quem está vivendo os problemas é que sabe das dificuldades, ele não sabe de nada, ele não vive aqui, aliás, ele não usa ônibus”.

“Não pode haver intervalos maiores que dez minutos entre um e outro. São muitos estudantes e trabalhadores arriscando suas vidas em ônibus lotados com motoristas/cobradores”, reclama Manuela Freire, moradora da Rocinha.

É indignante que uma Secretaria com tantos técnicos e funcionários, representada por seu secretário que já ocupou outros cargos públicos, não tenha a capacidade de oferecer um transporte decente para os moradores de favela. É desumano a quantidade de gente dentro de um ônibus, ou esperando horas para poder fazer o trajeto casa-trabalho ou casa-escola. Crianças não conseguem voltar da escola, idosos sofrem e os trabalhadores não suportam mais essa condição de transporte.

Esperamos uma solução do prefeito Eduardo Paes para o transporte. São três comunidades indignadas. Não estamos pedindo, estamos exigindo, pagamos passagem, não usamos ônibus de graça e temos o direito de melhoria.

Será que é tão difícil atender aos moradores de favela com um transporte com conforto, dignidade e respeito?