ASSINE
search button

O poder das mídias sociais para as favelas

Compartilhar

Viver em comunidade não é uma tarefa fácil, são diversos os problemas e dificuldades que surgem pela falta de planejamento na formação da favela, pelo aumento do número de moradores, que cresce a cada dia, e principalmente pela falta de interesse do governo e prefeitura em melhorar as condições de vida das comunidades.

O lixo da Rocinha é algo que desperta a atenção de todos que se convivem com a insalubridade do o excesso de resíduos que é despejado por toda a comunidade que não apresenta locais fixos e pensados para a coleta. A falta de agua é outro fator que é frequente na vida dos moradores, além da falta de luz, carros abandonados que complicam ainda mais o trânsito local, galhos, casas com risco de cair, esgotos entupidos, enfim uma série de problemas que nos bairros nobres são resolvidos em questão de horas e dentro da favela precisa de muita insistência nas reclamações para que o problema seja resolvido e muitas vezes não recebemos soluções.

Visando dar visibilidade aos problemas da comunidade e servindo como um canal de comunicação com os moradores da Rocinha, surgiram páginas e nas redes sociais que postam todos os acontecimentos e reclamações sobre dos moradores, além de divulgarem eventos e demais informações relevantes da comunidade, como: ações sociais e projetos culturais. A primeira página foi o Viva-Rocinha idealizada pelos irmãos Michel Silva e Michele Silva, que criaram a pagina durante a pacificação da comunidade e já possuem mais de 10 mil seguidores no Facebook e hoje serve como um jornal comunitário.

“_ Eu saio pelas ruas, vestido com a camiseta do portal e a câmera fotográfica na mão e registro tudo de interessante. Gosto de fazer isso porque a internet é uma grande ferramenta de integração. Uma coisa que eu divulgo de um morador chega a quem está do outro lado da Rocinha, que é muito grande”. Explica Michel Silva do Viva Rocinha.

Com objetivo de mostrar os acontecimentos em tempo real surgiu o “Rocinha em Foco” idealizado pela moradora Fabiana Rodrigues e o fotógrafo Dan Delmiro, a pagina vem crescendo cada dia mais. Fabiana costuma postar reclamações de moradores sobre lixos nas ruas, carros abandonados, obras inacabadas, eventos culturais e programas de lazer. Segundo ela, a página foi criada com intuito de mostrar o dia a dia dos moradores e os acontecimentos do bairro.

Já William de Oliveira, líder comunitário usa seu blog no Viva Favela para publicar semanalmente os acontecimentos de maior relevância da comunidade, oferecendo seu ponto de vista e cobrando das autoridades a resolução de problemas que afligem a vida dos moradores. 

“_Esses espaços tornaram-se um canal de diálogo privilegiado com o poder público e a comunidade. Pelas redes falamos da violência policial, problemas de luz e água, habitação, educação, transporte entre outras denúncias frequentes. As favelas têm uma grande arma nas mãos, só devem aprender a utilizá-la. Aqui na rede, sou apenas uma estrela no meio deste grande oceano virtual e tento fazer a minha parte todos os dias” William de Oliveira, líder comunitário e correspondente do Viva Favela

Todas essas mídias alternativas surgem com o ideal maior de cobrar do Governo e Prefeitura respostas para os problemas de uma comunidade que possui mais moradores que muitas cidades, onde moram quase 200 mil moradores. Por outro lado, esses canais servem para aproximar os moradores e levar ao conhecimento de todos o que vem acontecendo nesse grande território, onde a informação é uma tarefa difícil de ser disseminada.

É muito gratificante vivenciar que a os moradores da Rocinha estão se desenvolvendo, se formando de informações e usando as redes sociais como uma ferramenta para cobrar melhorias para o local que moram. Quem diria que favela teria essa força? Isso sim é transformação e crescimento!

*Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Formando emdesenho industrial pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio.