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Cracolândia volta para a comunidade da Maré

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O crack é hoje uma das mais destrutivas drogas que estão à disposição da juventude. De acesso fácil, custo baixo e efeito avassalador, tem levado muitos cidadãos, principalmente jovens, ao caminho da dependência e marginalização. Além disso, tem sido responsável pelo aumento da violência e da criminalização da Juventude. Por isso é importante enfatizar que sua comercialização continua e seu impacto é a total desfiguração humana do seu usuário.

Não é de hoje que conhecemos a Cracolândia que existe na entrada das favelas Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré.  As internações compulsórias que foram orquestradas pela prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro não resolveu o problema da região.

O problema é que está tudo maquiado. Há um pouco mais de seis meses, a Prefeitura fez uma operação para retirada dos mais de 500 usuários que circulavam e moravam próximo à pista. Mas a Cracolândia só mudou de local. Ela está agora em dois lugares: dentro das ruas do Parque União e Nova Holanda e embaixo do viaduto Brigadeiro Trompowski na saída do bairro da Ilha do Governador.

Os usuários continuam lá, sem qualquer tipo de tratamento de saúde pública. Muitos deles, ao atravessar as pistas, continuam, por exemplo, morrendo atropelados pelos carros. Com facilidade é possível ver perambulando nas calçadas da Avenida Brasil, meninas e meninos com seus jovens rostos desfigurados.

A Cracolândia da Maré surgiu no final do ano passado depois da invasão da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nas favelas de Manguinhos, Mandela e Jacarezinho, locais em que se encontravam grande número de usuários de crack e de outras drogas. Logo depois da permanência da UPP nestas três favelas, também localizadas na Zona Norte do Rio, os usuários caminharam para a Av. Brasil, na altura do complexo da Maré. 

Quando vamos ver a prefeitura tomar uma iniciativa que não pauta a violência e internação compulsória? Esses jovens precisam de carinho, cuidado e educação.

Sabe-se que há muito a avançar para que a Prefeitura da cidade, ofereça condições adequadas ao tratamento de usuários de drogas, dadas as suas limitações e deficiências. Contudo, o programa de combate ao crack não pode se resumir na desarticulação do tráfico varejista. Não pode se resumir na limpeza urbana que estão fazendo nas grandes capitas. É preciso um compromisso do Estado em promover uma política pública de assistência aos dependentes, a partir de uma atenção humana e integral.

Trata-se de um olhar que entende que a repressão só faz sentido quando acompanhada de uma suposta soberania do Estado, quando rompe com os direitos humanos e faz uso de ferramentas uniformizadas para espancar, torturar, sequestrar e ocultar.

* Walmyr Júnior é graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ