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Rocinha revoltada com assassinato de Rebeca

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A Rocinha tem estado em evidência desde sua formação pelas questões de violência. Nos últimos 03 anos, sonhamos que essa situação iria mudar, no entanto temos observado que as coisas não vão muito bem. A comunidade voltou a ser apresentada como local de marginalização.

A violência está em todo lugar, porém o sofrimento maior provocado por todo esse caos se concentra nas favelas, onde habitam moradores que não são tratados como cidadãos, onde moradores vivemos como réus de diversas leis e autoridades, onde a atuação do poder publico não é como se dar nos bairros nobres.

 É muito triste acordar e saber que na comunidade que você nasceu, foi criado e cria seus filhos, some um ajudante de pedreiro, sem deixar qualquer rastro de onde se encontra o corpo. Onde se ataca uma criança, um anjo, com tamanha crueldade, como fizeram com a menina Rebeca, 8 anos de vida interrompida pela maldade humana, pelo terror de um doente mental, sádico, onde o viés humano, já se findou pela violência desmedida.

“Foi o crime mais bárbaro que vi até hoje nestes meus 23 anos de comunidade, a rocinha está chocada, nós estamos paralisados, não sabemos mais o que recorrer. Estamos convivendo com uma segurança "insensível", a rocinha hoje passa por uma fase de transição, na qual, nos obriga moradores conviver nesse "Labirinto sem Saída". Estamos sendo obrigados a conviver com esse caos e com essa violência, sempre oculta, onde nós mesmos não temos mais respostas pelos ocorridos. Já cheguei a conclusão que "SOMOS TODOS UM AMARILDOS(AS)"” desabafa Romário Santos, morador da Rocinha.

Resta à mãe, vitimada pela perda, suportar a ineficácia de um sistema policial, buscar justiça e exigir a prisão desse assassino. Não há nada que pague a conta da dor causada à família que criou Rebeca.

Esperamos que outras famílias tomem maior cuidado para que não tenham seus filhos arrancados da vida de forma tão inconsolável. Esperamos que o governo olhe para nós, e nos deem uma esperança para essa comunidade que está sofrendo com a insegurança.

Resta nos saber quantos Amarildos e Rebecas serão precisos para que as coisas de fato melhorem na comunidade, é inadmissível tal acontecimento. Cadê o policiamento? Cadê as câmeras, cadê a segurança? Cadê o Amarildo?

*Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Formando em desenho industrial pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio.