ASSINE
search button

Harold Lopez-Nússa e a ascensão do jazz cubano

Divulgação -
Harold Lopez-Nússa e a ascensão do jazz cubano
Compartilhar

A musicalidade cubana sempre me interessou. Acho incrível como um país marcado por questões políticas e limitações econômicas possua uma riqueza musical tão interessante e propagada mundialmente, conquistando seu espaço independente das polêmicas históricas de Fidel Castro, da paixão nacional pelo beisebol ou dos excelentes mojitos.

Para o grande público estrangeiro, a música cubana se resume ao Buena Vista Social Club, grupo lançado em 1996 (inspirado no mítico clube da década de 1940), que alcançou o estrelato com canções como “Chan chan”, “Dos gardenias” e “El cuarto de Tula”.

Macaque in the trees
Harold Lopez-Nússa e a ascensão do jazz cubano (Foto: Divulgação)

Mas, para além de um passado extenso, eternizado em canções como “La Guantamera”, existe uma nova geração de músicos cubanos de diversos ritmos que vem ganhando espaço, ignorando as fronteiras estilísticas em busca de um som universal. É o caso do pianista Harold López-Nussa, que, aos 34 anos, é um dos símbolos da nova geração jazzística cubana.

Nascido em Havana, ele se formou no Instituto Superior de Artes aos 18 anos, e logo ingressou no jazz, em bandas como a da cantora Omara Portuondo, antes de partir para carreira solo, lançando em 2007 seu primeiro disco, “Canciones”. Harold, que também possui cidadania francesa, explora um sofisticado post-bop jazz, sempre temperado com ritmos cubanos e afro-latinos.

O músico lançou em junho deste ano, “Un día cualquiera” (Mack Avenue), retratando suas alegrias, lutas e crenças diárias na música cubana influenciada pelo jazz americano (e vice-versa). O disco passeia por homenagens à cultura do país. Bebo Valdés (pai do ícone Chucho Valdés) é lembrado em “Una tarde cualquiera en Paris”, enquanto Ernesto Lecuona (conhecido como o Gershwin de Cuba) aparece em “Danza de los Ñañigos” e em “Y la negra bailaba”.

A cantora Omara Portuondo, uma das grandes incentivadoras da carreira de Harold, não fica de fora, com a belíssima “Contigo en la distancia”. O álbum foi gravado no WGBH Studio, em Boston. Harold traz ainda seu irmão mais novo Ruy Adrian López-Nussa na bateria e percussão, além de Gastón Joya no baixo.

As faixas curtas não preocuparam o pianista, que declarou que o objetivo principal do disco era “apenas colocar a música da maneira como tocamos diariamente, sem preocupações, como um dia qualquer, em nossa casa”.

Harold e outros talentos musicais, como a cantora Daymé Arocena e o trompetista Yasek Manzano (que, com certeza, ainda vai aparecer aqui na coluna), são personagens do documentário “Cuba Jazz”, dos brasileiros Max Alvim e Mauro di Deus, que foi finalizado este ano e aborda essa nova safra de fantásticos músicos cubanos, que unem o jazz moderno à tradição das raízes locais.

Graças à paixão de seus músicos, a cultura em Cuba revive, dando sinais de renovação e esperança ao povo. Que nos sirva de exemplo. Na ilha situada nos mares caribenhos, o único incêndio existente são os das “descargas”, famosas jam sessions que varam a madrugada em Havana.

Bebop

Jazz brasileiro premiado

Macaque in the trees
Leo Gandelman recebeu na última sexta-feira, na Malásia, o "The BrandLaureate" (Foto: Divulgação)

Leo Gandelman recebeu na última sexta-feira, na Malásia, o “The BrandLaureate”, troféu entregue a personalidades de grande impacto em seus respectivos países. O saxofonista está em turnê pela Ásia e retorna na próxima semana.

Divulgação - Leo Gandelman recebeu na última sexta-feira, na Malásia, o "The BrandLaureate"