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Vasco e Fla de vida ou morte

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Há muito tempo não há um Vasco x Flamengo tão explosivo como este que será disputado hoje, em Brasília. Imersos em crises distintas, os dois clubes podem entrar em parafuso em caso de derrota logo mais, no superfaturado e pouquíssimo utilizado Mané Garrincha – um dos elefantes brancos da Copa de 2014, que vive às moscas, exceção feita a jogos “comprados” dos grandes centros, como este.

Para os vascaínos, que já estão no Z-4, perder para o seu maior rival, além de significar mais um passo rumo ao quarto e vexatório rebaixamento, em apenas dez anos, causará inevitável abalo psicológico. Não duvido nem que o recém-contratado Alberto Valentim perca o cargo com aquela que seria a quinta derrota consecutiva – em cinco jogos à frente do time. O que não falta é gente na Colina defendendo a volta de Valdir Bigode...

Para os rubro-negros, igualmente, perder será mais um baque no moral abalado pelos péssimos resultados pós-Copa e provavelmente o definitivo adeus no já remoto sonho de seguir na luta pelo título brasileiro. Só não digo que pode causar também a demissão imediata de Maurício Barbieri porque os dirigentes ainda se agarram à esperança de conquista da Copa do Brasil e não há, no momento, técnicos disponíveis capazes de empolgar para uma mudança em cima da hora.

Por causa dessa enorme pressão dos dois lados e pelo retrospecto do clássico em Brasília (quatro jogos, com uma vitória rubro-negra e três empates) temo que um chocho 0 a 0 seja o resultado mais provável. Até porque se o time vascaíno é tecnicamente mais fraco, o rubro-negro não consegue fazer gol em ninguém...

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Desculpa esfarrapada

Beira o inacreditável ver o treinador rubro-negro Mauricio Barbieri dizer agora que o Flamengo não tem jogadas ensaiadas porque não há tempo para treinamentos. E o longo período que o time ficou sem jogar, durante a Copa do Mundo? O que fez? Se aquilo que acontecia todos os dias, no ninho do Urubu, não era treino, o que era? Períodos de meditação? De recreio? De mero descanso? Ora, estagiário, conta outra!

A verdade é que o desempenho do Fla piorou assustadoramente depois que Barbieri teve tempo de sobra para colocar em prática os seus conceitos e métodos de treinamento. Vinícius Jr. faz falta, não se discute, mas não dá para colocar apenas na sua saída a conta dessa desanimadora queda de desempenho. O time que tem uma das mais altas folhas de pagamento do futebol brasileiro não pode jogar uma bolinha tão murcha como a que vem jogando. Não há desculpa.

Quando uma equipe que tem Diego, Lucas Paquetá, Cuellar, Everton Ribeiro, Diego Alves e Vitinho (para ficar apenas nos mais caros) não consegue se impor num futebol medíocre como o que atualmente se joga aqui a culpa é, acima de tudo, do treinador. Basta ver a diferença, para melhor, que a chegada de Cuca fez ao Gabigol, que não estava jogando bulhufas sob o comando de Jair Ventura.

Maurício Barbieri pode até vir a ser um dia um bom treinador. Por enquanto, não tem estofo, conhecimento nem experiência suficientes para comandar um gigante como o Flamengo. Só os atuais dirigentes, que entendem tudo de finanças e nada de bola, acreditaram nisso.

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Fritura na Colina

O caso de Alberto Valentim é diferente. Ele também ainda está em busca de um lugar ao sol, mas é já é um pouco mais experiente. Seu maior problema é ter assumido, no meio do campeonato, um clube com o elenco fraco e que vive um caos absoluto. Salários atrasados, eterna ebulição política e sócios e torcedores enlouquecidos com a possibilidade cada vez mais palpável de enfrentar o quarto rebaixamento numa década – algo até bem pouco tempo impensável para um dos gigantes do futebol brasileiro.

O drama vascaíno é ainda mais grave pois, a partir do próximo ano, os grandes que forem rebaixados passarão a receber cotas de TV de segunda divisão – acabou a mamata de, no primeiro ano, ainda ganhar como se estivesse na primeira divisão. Esta queda, se acontecer, será sem dúvida a pior de todas e a de mais difícil recuperação. Se o dinheiro já está curto agora, imagine no caso de novo rebaixamento.

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Pressão no Engenhão

Por conviver com todos esses problemas na Colina, Zé Ricardo se demitiu do Vasco e, curiosamente, acabou no Botafogo, onde a situação não é diferente. O jogo de amanhã de manhã, contra o América Mineiro, no Nilton Santos, é também um barril de pólvora. A torcida já andou tentando entrar no clube para levar um papo com os jogadores, mas foi impedida pelos dirigentes. Se, entretanto, a vitória não vier nesta rodada a situação poderá ficar insustentável. O Glorioso é mais um que corre sério risco de rebaixamento – e no seu caso seria o terceiro.

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O melhor do returno

O Fluminense é outro carioca que vive situação semelhante a de Botafogo e Vasco. Mas com o melhor retrospecto do Rio no returno, conseguiu espantar por ora o fantasma do rebaixamento. Tem um jogo difícil, amanhã, na Arena da Baixada, mas com oito pontos de distância do Z-4, vive certa tranquilidade, apesar da penúria financeira, que provoca sistematicamente atraso nos salários. Méritos para Marcelo Oliveira que, assim como fazia Abel, tem conseguido manter o elenco motivado e o time razoavelmente bem armado. O que já é uma tremenda façanha.