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Pesos da Lava Jato

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Na semana passada, soube-se que,  ainda no ano passado, o Ministério Público Federal foi informado por autoridades suíças da existência de depósitos no valor de R$ 113 milhões, atribuídos a Paulo Vieira da Silva, o Paulo Preto,  ex-diretor da DERSA, organismo paulista que contrata obras rodoviárias, tido como operador de caixa do PSDB. A informação foi direcionada pela PGR para um inquérito que corre no âmbito estadual e não para o que tramita no STF, por envolver também o senador José Serra, em cujo governo Paulo Preto atuou.  Não houve diligências ou qualquer busca e apreensão relacionada ao fato, noticiado discretamente, Nesta segunda-feira, a Polícia Federal realizou a Operação Cartão Vermelho, e com aparato e espalhafato fez busca e apreensão na casa do ex-governador petista da Bahia, Jacques Wagner, um dos cotados para substituir Lula como candidato em caso de inabilitação. Não foi preso porque o pedido foi negado pela Justiça.  Ele é suspeito de ter recebido propina de R$ 82 milhões na construção da Arena Fonte Nova. A diferença entre os pesos e medidas  usados pela Lava Jato ao tratar de acusações contra o PT e o PSDB reforçam a narrativa dos petistas de que há perseguição a Lula e ao partido. E foi com ela que reagiram ao novo revés.         

A ideia da perseguição, por mais que se veja nela o refúgio possível e um subterfúgio eleitoral, não contribui para o curso de uma campanha jã por demais incerta e tumultuada. A eventual prisão e a provável inabilitação de Lula podem não produzir comoção em massa mas certamente terão efeitos sobre a disposição de um eleitorado que até agora só engordou os índices de dois candidatos nas pesquisas eleitorais, Lula e Bolsonaro. Com Lula ou sem Lula, o PT terá candidato próprio e será competitivo. O próprio Jacques não será rifado pelo acontecido.  Com a nova investida da Lava Jato, ganhou reforço para o discurso da perseguição. “Está claro agora que o objetivo é fulminar todo aquele que despontar como alternativa a Lula. Indiciaram o Haddad com uma falta de fundamentação gritante. E agora o Jacques, que no ano passado já prestou depoimento sobre este assunto da arena, sofre esta agressão desnecessária.  E o que é mais sintomático, quatro dias depois do arquivamento de processos sobre a mesma denúncia, no âmbito da Justiça Eleitoral”, diz o vice-líder Paulo Teixeira (PT-SP). 

Contabilizado o dano para o PT, a Lava Jato também vai acumulando a percepção de parcialidade que já afetou a popularidade do juiz Sérgio Moro e da operação. 

Perdas de Marina   

O PSB estendeu o tapete vermelho, ontem em Brsília, para receber a fi liação dos deputados Alessandro Molon e Aliel Machado, egressos da Rede de Marina Silva. Lã estavam os três governadores - Rodrigo Rollemberg (DF), Paulo Câmara (PE) e Ricardo Coutinho (PB), além de deputados e senadores. Divergências pessoais com Marina pesaram menos, para a saída dos dois, do que a tibieza do partido, que tem sido errático em algumas questões e omisso em outras. De todo modo, Marina e seu partido se enfraquecem com estas defecções na bancada, que já é pequena.

Acerto de débito

Demitir Fernando Segóvia do comando da PF foi o primeiro acerto do ministro da Segurança, Raul Jungmann. Segóvia se carbonizou ao tentar blindar Temer no caso dos portos. Mas no discurso de posse o ministro tocou num dos pontos mais fracos da intervenção. Reclamou dos que pedem segurança de dia e fi nanciam o crime â noite consumindo drogas, uma verdade. Até agora, porém, o governo nada disse sobre uma nova política anti-drogas. Não cogitou sequer de uma campanha educativa sobre o fl agelo. Enquanto houver demanda, haverá oferta