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Saiba quatro coisas sobre o Telegram

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O aplicativo de mensagens Telegram, ameaçado de bloqueio na Rússia, seduziu seus 200 milhões de usuários e investidores oferecendo um alto nível de confidencialidade, e por isso está na mira das autoridades.

Fundador

Dono de uma fortuna de 1,7 bilhão segundo a Forbes, Pavel Durov, de 33 anos, fundou o Telegram em 2013 com seu irmão Nikolai. Em 2006, recém-formado pela Universidade de São Petersburgo, lançou a rede social VKontakte (VK), que se tornou rapidamente a mais usada na Rússia, na frente do Facebook.

Ao contrário de seu irmão, Pavel não foge dos holofotes. Ele já jogou dinheiro da sua janela do escritório em São Petersburgo e apareceu nas redes sociais com o dedo do meio levantado, em um gesto obsceno.

O sucesso de VKontakte gerou disputas com seus acionistas e autoridades. Acabou deixando a Rússia depois de ter se negado a entregar ao FDS (o serviço de inteligência) os dados pessoais de ativistas pró-europeus ucranianos.

Viajou de país em país para desenvolver o Telegram e se instalou em Dubai. Obteve a cidadania da ilha caribenha São Cristóvão e Neves.

Embora seja reservado sobre sua vida privada, Pavel Durov costuma aparecer nas redes sociais vestido de preto, exibindo seu corpo musculoso em praias paradisíacas ou viajando pelo mundo.

Paladino da confidencialidade

Graças a um complexo sistema de encriptação, Telegram é o campeão da liberdade da internet e da confidencialidade de seus usuários. O aplicativo teve um êxito fulgurante dentro do contexto das revelações do ex-analista do serviço de inteligência americano Edward Snowden sobre a rede de vigilância mundial. Snowden se refugiou na Rússia e Pavel Dourov propôs contratá-lo quando ele chegou a Moscou, em 2013.

"Diferentemente de outros aplicativos populares, o Telegram não tem acionistas nem anunciantes aos quais prestar contas", aponta Pavel Durov, que insiste que não divulgou "a terceiros nenhum byte de dados pessoais dos nossos usuários".

Esta promessa de segurança e os "canais" que permitem aos usuários difundir informação fazem com que várias administrações russas o usem para sua comunicação, incluindo o Kremlin.

Espectro do terrorismo

Esta confidencialidade é uma faca de dois gumes que lhe rendeu atritos com as autoridades na Rússia e no Irã, onde foi bloqueado provisoriamente em dezembro e janeiro, durante os distúrbios gerados por protestos contra o alto custo de vida.

Também foi alvo de críticas no contexto da ameaça terrorista. Depois dos atentados de Paris de 2015, decidiu fechar as contas relacionadas ao grupo extremista Estado Islâmico.

Pavel Durov define sua linha de ação da seguinte forma: "Para nós, o limite é claro. Criticar as autoridades locais, desafiar o status quo e debater política não é um problema, mas promover a violência e apelar a ações que possam prejudicar inocentes é um problema".

Investidores

Nada disso prejudica o crescimento do aplicativo, que em março atingiu 200 milhões de usuários ativos, ainda muito longe do um bilhão do WhatsApp, controlado pelo Facebook.

O Telegram gera interesse nos círculos financeiros, agitados pelo surgimento das criptomoedas. O aplicativo arrecadou 1,7 bilhão de dólares (um recorde no setor) para desenvolver a tecnologia blockchain (de armazenamento e transmissão de informações), na qual se baseiam as criptomoedas.

Segundo a imprensa especializada e analistas do setor, o aplicativo de mensagens quer criar sua própria moeda virtual.

Seu crescimento também veio com algumas falhas, como no mês passado, quando o sistema caiu durante horas na Europa e no Oriente Médio.