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Especialista comenta sobre a Síndrome do Pânico

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Nas últimas semanas, o padre Fábio de Melo revelou publicamente sofrer com uma doença que atinge 10% da população brasileira: a Síndrome do Pânico. “Fiquei praticamente uma semana trancado em casa, com sensação de morte, tristeza profunda e medo de tudo. Nunca chorei tanto na minha vida”, conta o religioso que agora faz tratamento psiquiátrico para ajudar a lidar com o transtorno.

Mas o que é exatamente esse transtorno? A Síndrome do Pânico é um episódio súbito de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça mesmo que não haja nenhum perigo real ou motivo aparente. “As crises são assustadoras, pois causam a sensação de que a pessoa está perdendo o controle, fazendo até com que acredite estar morrendo”, explica Edyclaudia Gomes de Sousa, psicóloga, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia.

A síndrome, que atinge mais mulheres do que homens não causa risco de morte, porém afeta de forma negativa a qualidade de vida do indivíduo, chegando a casos extremos de agorafobia (o medo de sair de casa, estar em público), dificultando a rotina do dia-a-dia.

As crises geralmente começam entre a fase final da adolescência e o começo da vida adulta. Contudo, podem ocorrer depois dos 30 anos e até mesmo durante a infância, porém no último caso ela só é diagnosticada quando as crianças já estão mais velhas.

Causas da Síndrome do Pânico

A causa exata ainda é desconhecida, mas psicólogos acreditam que um conjunto de fatores biológicos e ambientais colabora para o desenvolvimento do transtorno, como histórico familiar, anormalidades neurológicas, abuso de substâncias e situações de estresse.

De acordo com Edyclaudia Gomes de Sousa, alguns estudos indicam que a resposta natural do corpo a situações de perigo esteja diretamente envolvida nas crises de pânico. Ainda assim, não é claro porque esses ataques acontecem em situações onde não há nenhuma evidência de perigo iminente.

“A síndrome do pânico também pode surgir após algum evento traumático como sequestro, assalto ou acidente”, explica a psicóloga.

Sintomas

“Os ataques da síndrome do pânico geralmente ocorrem de repente e sem nenhum aviso, em qualquer hora do dia e qualquer situação. O auge das crises dura, em média, de 10 a 20 minutos, porém esse tempo pode mudar dependendo da pessoa e da intensidade do ataque. É importante ficar atento, pois é comum que se confunda uma crise de pânico com um ataque cardíaco”, explica Edyclaudia. 

Os sintomas incluem:

·         Dificuldade para respirar;

·         Coração acelerado;

·         Palpitações;

·         Taquicardia;

·         Dor no peito;

·         Dor de cabeça;

·         Sensação de asfixia;

·         Hiperventilação;

·         Tonturas;

·         Sensação de desmaio;

·         Tremores;

·         Sudorese;

·         Náuseas;

·         Formigamento ou dormência nos pés, mãos ou rosto;

·         Calafrios;

·         Ondas de calor;

·         Sentimento de estar fora da realidade;

·         Sentimento intenso de medo;

·         Sensação de morte iminente.

O sintoma principal e frequente é o medo do medo, ou seja, medo de ter outro ataque de pânico. “Esse medo pode ser tão grande que a pessoa procura evitar ao máximo as situações que desencadeiam as crises”, conta a profissional.

Tratamento

É necessária uma combinação de medicamentos com psicoterapia. Os remédios irão diminuir a ocorrência das crises e o tratamento psicológico irá ajudar a entender a causa das crises e descobrir maneiras de lidar com a situação.

“A psicoterapia é a primeira opção para o tratamento da síndrome do pânico. Há diversas formas de psicoterapia, porém a mais estudada e que comprovadamente possui efeitos benéficos nesse transtorno é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Ela ajuda o paciente a aprender através de sua própria experiência que os sintomas de pânico não são perigosos”, elucida Edyclaudia. “Durante as sessões, o psicólogo irá ajudar o paciente a recriar os sintomas de um ataque de forma segura, gradual e repetitiva. Uma vez que as sensações físicas não são mais uma ameaça, a síndrome do pânico começa a ser suprimida,” completa.

Já o tratamento com medicamentos inclui antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina. É importante não suspender a medicação sem consultar o médico previamente.

“Quem possui os sintomas da síndrome do pânico, deve procurar ajuda médica e psicoterápica imediatamente. Embora os ataques não sejam perigosos, são altamente desconfortáveis, muito difíceis de lidar por conta própria e tendem a piorar se não houver tratamento”, finaliza.