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Acadêmicos da ANM homenageiam História da Medicina em Simpósio 

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Tradição já consagrada na quase bicentenária instituição, os Simpósios da Academia Nacional de Medicina abordam temas científicos da mais alta relevância. A edição da última quinta-feira 10 foi dedicada à discussão da História da Medicina, e contou com a organização do Acadêmico Carlos Antonio MasciaGottschall, Diretor da Biblioteca da ANM para o biênio 2017-2019 e autor da obra “Pilares da Medicina - A Construção da Medicina Por seus Pioneiros”, que traz em detalhes o trajeto da inteligência humana ao longo das épocas e civilizações.

Discorrendo sobre a “História da Patologia”, o Acadêmico Carlos Alberto Basílio de Oliveira iniciou sua apresentação subdividindo a história da especialidade em períodos ediscorrendo sobre a evolução do pensamento humano no estudo das condições patológicas. Segundo o palestrante, a Patologia teve início quando os primeiros coloides vivos sofreram os impactos da Natureza, tornando a Patologia tão antiga quanto a própria vida.

Passou, então, a apresentar o trabalho de figuras icônicas para o desenvolvimento deste campo de estudos, chamando atenção para a obra “De humanicorporis fabrica”, de 1543, considerado um dos mais influentes livros científicos de todos os tempos. Seu autor, Andreas Vesalius, era Professor da Universidade de Pádua (Itália), e se destacou como um dos maiores anatomistas de todos os tempos. Em seus estudos, realizou dissecações em cadáveres de enforcados e de partes de corpos, além de realizar estudos de ossos retirados dos cemitérios.

A Universidade foi responsável pela criação da mais famosa escola anatômica de sua época, onde estudaram e lecionaram vários anatomístas, dentre os quais: Realdo Colombo (1512-1559), BartolommeoEustachio (1520-1574) e Gabrielle Falloppio (1523-1563).

Além dos grandes nomes da Patologia internacional, Carlos Alberto Basílio também homenageou grandes patologistas brasileiros, alguns dos quais também foram membros da Academia Nacional de Medicina como Antônio Rodrigues Lima (1854-1923), Amadeu Fialho (1889-1961), Onofre Ferreira de Castro (1932-1995), Domingos de Paola (1929-1992) e Anadil Vieira Roselli (1918-2012).

Tratando da “História da Anestesia”, o Acadêmico José Luiz Gomes do Amaral afirmou que a palavra anestesia possui origem grega, significando ausência de sensibilidade. Sobre os primeiros registros da utilização de mecanismos anestésicos, discorreu sobre a chamada “Pedra de Mênfis”, cujos relatos retomam as antigas legiões romanas. 

José Luiz Gomes do Amaral, que já atuou como Presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, chamou atenção para a evolução dos conceitos associados à especialidade, ressaltando que atualmente, é desenvolvida “uma anestesiologia para cada tipo de especialidade da Medicina”. Sobre os tipos de anestesia existentes, chamou atenção para a anestesia inalatória, intravenosa, local e o chamado bloqueio neuromuscular.

Ao final de sua apresentação, salientou que a anestesiologia, longe de ser uma função puramente técnica, demanda treinamento em áreas como fisiologia, farmacologia, patologia e até mesmo diagnóstico clínico.

Em seguida, foi a vez do Acadêmico e organizador do Simpósio Carlos Antonio MasciaGottschall abordar a “História da Sangria e de seu Algoz”, ressaltando que, no início do século XIX, a França dominava os estudos médicos com estudos como a Teoria dos Humores de Hipócrates e Galeno. Um dos métodos desenvolvidos era a sangria, modalidade de tratamento médico que consiste em retirar sangue do paciente para tratar doenças, que atualmente é utilizada apenas para reduzir estoques corpóreos de ferro no organismo ou o excesso de hemácias.

Falando sobre “o homem que ensinou a Medicina a aprender com os números”, Carlos Gottschall falou sobre os estudos de Pierre-Charles-Alexandre-Louis, médico francês que ajudou a modificar o modo de pensar dos médicos, tendo sido o introdutor do método estatístico nos estudos médicos. Segundo o Acadêmico, Louis foi o responsável por destruir míticas teorias médicas como a sangria, abrindo caminho para a construção da moderna medicina baseada em evidências.

Com palestra intitulada “Os Hospitais do Rio de Janeiro no início do Século XIX”, o Acadêmico Orlando Marques Vieira abordou os principais aspectos da construção da ideia de Saúde Pública no Rio de Janeiro. Dentre as instituições mais importantes, é possível destacar o Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia, o hospício Dom Pedro-II e o Hospital da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, responsáveis pela demarcação simbólica da espacialidade da Saúde por meio de edificações de caráter monumental.

Ressaltou, ainda, a importância do Acadêmico Achilles Ribeiro de Araújo, Membro Titular da Cadeira nº 63 da Secção de Cirurgia, considerado grande humanista e historiador. Foi também responsável pela obra “A Assistência Médica Hospitalar no Rio de Janeiro no Século XIX”, livro no qual realiza uma retrospectiva do que foi a assistência médico-hospitalar do Rio de Janeiro. No rol dos estabelecimentos de atendimento ao público carioca, figuram várias instituições que ainda hoje prestam serviços à população da cidade, como a própria Santa Casa de Misericórdia, localizada na Rua Santa Luzia, no Centro do Rio de Janeiro.