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Transtorno bipolar é tema de Simpósio na Academia Nacional de Medicina

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A Academia Nacional de Medicina (ANM) organizou, na última quinta-feira (20), Simpósio abordando Transtorno Bipolar. Tendo em sua Diretoria dois grandes nomes da psiquiatria brasileira - Jorge Alberto Costa e Silva (Presidente) e AntonioEgidioNardi (Vice-Presidente) -, a instituição reuniu diversos especialistas em mais uma atividade acadêmica de grande impacto realizada no Anfiteatro Miguel Couto, localizado na sede da ANM, no Rio de Janeiro.

Os alunos puderam não só acompanhar o ciclo de palestras presencialmente, mas também através do canal de transmissão ao vivo, disponível no site da ANM. Além deste fato, o conteúdo do Simpósio permanecerá disponível para acesso público.

O Simpósio foi iniciado com a conferência ministrada pelo Acadêmico AntonioNardi, organizador do Simpósio. Apresentou os fatores considerados de risco para o desenvolvimento do transtorno bipolar, como um histórico familiar de transtorno de humor, estressores psicossociais, histórico de abuso emocional, físico ou sexual e até mesmo hipomania causada por antidepressivos. Dentre os estressores, os classificou em sociais (extrema pobreza, desemprego, etc.), psicológicos (violência ou abuso), ambientais (fuso horário, fatores relativos à luz, turnos, etc.) e biológicos (doenças associadas, gravidez e parto, reações medicamentosas, etc.).

Na sequência, o Dr. Elie Cheniaux (UFRJ), apresentou quadro sobre as representações da bipolaridade no cinema, usando como exemplo o filme “Mr. Jones”, no qual o ator Richard Gere interpreta Jones, um homem de 36 anos charmoso, impulsivo e irresistível, que atrai a atenção das mulheres pelo encanto e energia vital. Todavia, a discussão sobre o transtorno bipolar do paciente torna-se central quando seu comportamento começa a intercalar momentos de euforia com episódios profundos de depressão.Também foi abordado o filme “Sede de Viver”, dirigido por VincenteMinnelli, sendo um dos mais famosos filmes sobre a vida do pintor holandês Vincent Van Gogh.

Sobre Diagnóstico e Epidemiologia, a Dra. DorisHupfeld-Moreno (USP), ressaltou que o transtorno bipolar afeta regiões do cérebro cujo desequilíbrio químico causa oscilações ou mudanças no humor, tornando o indivíduo eufórico, irritável e depressivo. Além deste fato, causa também alterações no funcionamento cognitivo, afetando os níveis de atenção, memória e organização. 

Dentre os vários fatores de risco associados ao transtorno bipolar, chamou atenção para as morbidades associadas, afirmando que se trata de um transtorno médico grave, potencialmente letal e associado ao maior risco de suicídio(7%-10%). Apresentou, ainda, dados que mostram que os pacientes portadores de transtorno bipolar vivem de 8 a 13% menos que o restante da população, tendo duas vezes maior risco de morte por qualquer causa.

Após o intervalo, o Acad. AntonioNardi voltou a se apresentar, abordando “Suicídio e Transtorno Bipolar”. Segundo o Acadêmico, a bipolaridade é a doença mental que mais mata por suicídio, com taxas que chegam a cerca de 15% dos doentes. Afirmou que a melhora destes números está baseada em três pilares: disseminação de informação sobre suicídio, seus sinais e riscos; desenvolvimento de ferramentas de prevenção e evolução do diagnóstico e tratamento adequados. 

Falou, ainda, sobre o World Suicide Prevention Day, que desde 2003 foi fixado no dia 10 de setembro. Neste dia, eventos numerosos, conferências, campanhas e atividades em diversos países chamam a atenção do público uma das maiores causas mundiais de morte prematura.

A última apresentação da noite ficou por conta do Dr. Ricardo Moreno (USP), que apresentou as Opções Terapêuticas no Transtorno Bipolar, chamando atenção para o fato de que é necessária a realização de uma distinção entre depressão unipolar e depressão bipolar, seguida pela identificação de comorbidades, tanto psiquiátricas (ansiedade, uso abuso ou dependência de substâncias, transtornos alimentares e de personalidade, etc.) quanto as não psiquiátricas (tireoidopatias, esclerose múltipla, diabetes, síndromes metabólicas, etc.).