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Hormônio masculino na mulher ajuda a melhorar a incontinência urinária

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Uma descoberta recente revela que a deficiência de testosterona está relacionada à incontinência urinária, um problema de saúde que incomoda muito e afeta a qualidade de vida das mulheres.

O médico mestre em medicina, nutrólogo e neurologista Dr. Rafael Higashi, avalia em três níveis - cerebral, comportamental ou  corporal  - as funções da testosterona na mulher, e explica seu efeito no libido, na massa muscular, e na gordura. 

Já se sabe que a relação da testosterona na atividade sexual masculina como a andropausa. Seria, de certa maneira, preconceito pensarmos no efeito do hormônio testosterona favorável exclusivamente para uso masculino, ela também tem efeitos positivos  na mulher. A testosterona é um hormônio esteróide (formado a partir do colesterol) produzido em maior quantidade no homem, razão pela qual se explicam características típicas dos homens, como: maior massa muscular, desejo sexual elevado, grande quantidade de pelos no corpo e voz grossa. 

Ao contrário do que muita gente pensa, ela também está presente nas mulheres, ainda que em menores quantidades (20 a 30 vezes menos). As mulheres jovens e saudáveis produzem cerca de 250 mcg de testosterona por dia, sendo metade derivada dos ovários e a outra metade das glândulas supra-renais. 

A partir dos 40 anos este hormônio tende a decrescer de forma lenta e progressiva, em ambos os sexos. O declínio deste hormônio pode gerar um estado de deficiência que se manifesta nas mulheres da seguinte forma: diminuição da função sexual com diminuição do libido, falta de energia e de disposição para atividades regulares cotidianas, perda de massa magra, ganho de gordura  e perda de massa óssea

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a diminuição ou a ausência de libido, seja na idade jovem ou em idade mais avançada, não deve ser taxada como algo natural. É imprescindível que toda mulher que apresente  falta  de desejo sexual faça uma investigação hormonal (exames médicos), a fim de averiguar se o nível de testosterona está adequado para o seu organismo. 

Manter os níveis adequados de testosterona auxilia positivamente o organismo feminino em relação à incontinência urinária. Um estudo apresentado, em 2017, no Meeting da Associação Americana de Urologia, (grupo do Hospital de Massachusett's, em Boston), demonstrou que, entre as 2.123 mulheres estudadas aquelas que tinham diminuição plasmática da testosterona livre  apresentavam 65% aumento da chance de ter incontinência urinária em relação as mulheres com níveis mais elevados de testosterona. A conclusão chegada foi de que a falta de testosterona diminui o tônus da musculatura pélvica feminina, favorecendo a incontinência urinária.  

Existem várias formas de estimular a produção natural hormonal feminina, e até mesmo repor as quantidades faltantes, com reposição ou modulação hormonal (doses menores que a reposição) através de adesivos, géis, injeções, implantes. Em alguns casos deverá ser suspenso anticoncepcional hormonal, capazes de diminuir a forma ativa ou livre da testosterona endógena feminina. 

Atualmente, na opinião do especialista, o gel Transdérmico é uma das melhores vias de administração, por não haver problemas de hepatotoxicidade, ou seja, não haver a primeira passagem do hormônio pelo fígado. 

A absorção de testosterona para a corrente sanguínea se dá em um intervalo de até 2 horas e se aproxima da concentração sérica estável em 2 a 3 dias de tratamento. Quando o tratamento com o gel de testosterona é interrompido após atingir um nível estável, a testosterona sorológica ainda mantém-se nos níveis normais durante 24 a 48h. A dose inicial recomendada de gel de testosterona é avaliada caso a caso, sua aplicação deve ocorrer uma vez por dia na pele limpa e seca dos ombros, braços e/ou abdome (áreas sem pelos).

Dr. Rafael resume e faz um alerta: “é importante compreender que existe a deficiência da testosterona tanto no homem como na mulher. Cada caso deve ser avaliado em particular de acordo com as necessidades clínicas individuais, sempre complementados com exames laboratoriais. E, vale ressaltar que nunca se deve usar hormônios sem indicação médica especializada”.