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Vigília reúne milhares em Umuarama (PR) contra as mudanças climáticas

À luz de velas, noite foi marcada por orações e pela presença de refugiados do Haiti

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Uma noite de emoção, fé e esperança. Esse foi o clima que reuniu cerca de três mil pessoas neste sábado (06) em frente à Catedral do Divino Espírito Santo em Umuarama, Noroeste do Paraná, durante a Grande Vigília pela Criação e pelos Refugiados Climáticos. 

Inspirados pela Encíclica Laudato Si e pelos ensinamentos do Papa Francisco, mulheres e homens, crianças e jovens estiveram unidos em oração para pedir que governos, igrejas, universidades, indústrias e outras instituições desinvistam de projetos ligados a combustíveis fósseis, e promovam ações efetivas para cuidar da Casa Comum. 

 “Nós estamos mostrando às pessoas a destruição que a indústria dos combustíveis fósseis causa com as emissões de gases que agravam o aquecimento global e como ela está colocando em risco a existência da vida neste planeta. Unidos podemos corrigir a rota e exigir dos governantes que abandonem imediatamente os combustíveis fósseis e trilhem o caminho das energias renováveis”, afirmou Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina. 

Não é por acaso que Umuarama foi escolhida para sediar esta ação da campanha internacional pelo desinvestimento. Em 04 de outubro de 2016, Dia de São Francisco de Assis, sete instituições católicas de peso ao redor do mundo anunciaram publicamente seus compromissos com o desinvestimento. 

Na ocasião, a Diocese de Umuarama foi não só a primeira Diocese como também a primeira instituição da América Latina a aderir à campanha. Além disso, o município de cerca de 100 mil habitantes é conhecido por ter acolhido os refugiados climáticos vindos do Haiti, um dos países mais impactados pelas mudanças climáticas no mundo. 

Mais de 130 famílias são atendidas pela Igreja Católica na cidade após fugirem da destruição causada por furacões, aumento do nível do mar e secas que impedem a produção de alimentos. Todos esses impactos agravaram a pobreza que atinge mais de 80% da população e levaram milhares de haitianos a deixar sua terra natal. 

 Em fevereiro deste ano, a comunidade haitiana que vive em Umuarama sofreu com a morte prematura de Dorothie Chery, aos 32 anos. Durante a Vigília, a história da refugiada emocionou os presentes. Nascida em Porto Príncipe, Dorothie deixou os dois filhos pequenos e toda a família para trabalhar no Brasil após o terremoto de 2015. Sozinha no país há quase dois anos, ela morreu longe de sua pátria, dos filhos e amigos. 

 “A Vigília de oração e fé é um momento para que cresça a consciência e consigamos reverter essa escalada de descuido da natureza que tanta tragédia provoca. Se não há nenhuma intervenção nossa, a tendência é crescer”, disse Dom Frei João Mamede Filho, Bispo da Diocese de Umuarama. 

“Somos responsáveis pela nossa Casa Comum e não podemos apenas explorá-la e usá-la desmedidamente. Desejo que todo mundo saia dessa Vigília mais feliz, pois todos juntos podemos melhorar o cuidado com a Mãe Terra e diminuir o aquecimento global”, enfatizou.