ASSINE
search button

Forças paranormais contratadas pela CIA espionavam Irã

Documento comprova atuação de médiuns

Compartilhar

Documentos desclassificados da CIA revelam que a inteligência dos EUA usava pessoas supostamente telepáticas para coletar informações, incluindo durante a tomada da embaixada dos EUA no Irã em 1975.

De acordo com os documentos, o programa foi criado em 1975 e envolveu centenas de candidatos que afirmavam ter capacidades parapsíquicas. Deles, apenas seis foram escolhidos para participar de operações.

Por vários anos, o programa, denominado Grill Flame (Chama de Grelha) tratou mais da investigação e teoria por trás das habilidades paranormais. Mas, desde 1979, o Grill Flame foi usado para ajudar na busca de um avião desaparecido da Marinha norte-americana.

A operação foi um sucesso, já que os médiuns foram capazes de identificar a localização do avião com uma margem de erro de cerca de 24 quilômetros. Jimmy Carter, presidente dos EUA na altura, deixou cair uma dica sobre este programa em uma entrevista que ele deu 12 anos depois do incidente:

"Tínhamos um avião caído na República Centro-Africana, um avião bimotor, um avião pequeno, e não conseguimos encontrá-lo mesmo com fotografia por satélite", disse ele. "Então, o diretor da CIA me disse que tinha entrado em contato com uma mulher na Califórnia que dizia possuir capacidades sobrenaturais e ela entrou em transe e escreveu latitudes e longitudes; enviamos nosso satélite para essa latitude e longitude, e lá estava o avião."

No entanto, as operações subsequentes tiveram menos sucesso. Um dos piores fracassos foi a situação dos reféns na embaixada dos EUA no Irã no mesmo ano. De acordo com os documentos, os telepatas não forneceram informações precisas nem nos estágios iniciais de conflito, nem quando os reféns foram separados e espalhados por todo o país. Os locais que eles adivinharam falharam, às vezes por centenas de quilômetros.

Curiosamente, embora a operação iraniana tivesse sido um fracasso para o Grill Flame, o programa continuou por 14 anos. Mudou de nomes e mudou de supervisores, mas sobreviveu. Mesmo agora o debate em torno do programa é bastante intenso.

"Os médiuns eram tão bons quanto outras fontes de inteligência humana", disse Edwin May, um físico que trabalhou com o Grill Flame, ao South China Morning Post. "E, infelizmente, eles eram também ruins. Os seres humanos são notoriamente horríveis em espionagem do tipo da Segunda Guerra Mundial, contando tanques com binóculos, e há todos os tipos de influências que podem se infiltrar."

Edwin May supervisionou a pesquisa parapsicológica para agências de inteligência do governo por 20 anos.

"Principalmente no início, estávamos fazendo avaliação externa – ou seja, o que o outro lado estava fazendo", disse May. "Recebíamos um relatório de que a China ou a Rússia estavam experimentando com pessoas com capacidades parapsíquicas que alegavam ser capazes de fazer isto ou aquilo, e nosso trabalho era julgar se isso era verdade e, em caso afirmativo, que ameaça isso representava para nós."

Pode haver uma explicação possível para o fato de o programa ter sobrevivido por tanto tempo.

"O material que a CIA desclassificou é lixo", disse Joseph McMoneagle, um dos médiuns do Grill Flame, em uma entrevista. "Eles não desclassificaram nenhuma das coisas que funcionaram."

O programa foi oficialmente encerrado em 1995, após uma auditoria externa encomendada pela CIA ter concluído que "os relatórios de visualização remota não conseguiram produzir informações concretas e específicas valorizadas em relatórios de inteligência".