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Especialista fala sobre gravidez aos 50 anos

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De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), a idade avançada é o maior obstáculo para maternidade nos países desenvolvidos. Uma pesquisa feita nos EUA mostra que 42% das mulheres mais bem sucedidas do país ainda não têm filhos aos 40 anos, e apenas 14% das mulheres que concluem a faculdade já são mães. 

Esses números mostram que cada vez mais as mulheres estão buscando seu espaço no mercado de trabalho, querem estabilizar primeiro a vida financeira e crescer profissionalmente antes de ter um filho. Mas para muitas, o relógio biológico em contagem regressiva não ajuda, e a procura por congelamento de óvulos e embriões cresceu. “O fato mais preocupante é o de que nove em cada dez mulheres parecem acreditar que podem engravidar após 40 anos sem qualquer dificuldade”, ressalta Isaac Yadid, obstetra, especialista em reprodução humana e diretor médico da Primordia Medicina Reprodutiva.

O Conselho Federal de Medicina aprova a gestação por reprodução assistida até os 50 anos de idade. Mesmo sendo uma gravidez que tenha riscos para a mulher, não é mais necessário pedir autorização para o órgão, basta a mulher assumir os riscos juntamente com o seu médico. Em 2015, o CFM aprovou uma resolução que dá autonomia às mulheres acima dessa idade. Nas regras anteriores, quem quisesse engravidar por meio de fertilização in vitro (FIV) ou inseminação artificial precisaria pedir autorização do Conselho. Nessa medida, a idade máxima para doação de óvulos é de 35 anos, e de 50 anos para espermatozoides. 

Abaixo, as dicas do  ginecologista, especialista em reprodução humana e diretor médico da Clínica Primordia, Marcio Coslovsky, com mais de 30 anos de experiência na área.

Indicações

Os primeiros congelamentos de óvulos e embriões foram feitos no intuito de preservar a fertilidade de mulheres que iriam se submeter a um tratamento que pudesse prejudicar a saúde de seus óvulos, como quimio e radioterapia. 

A gravidez torna-se mais difícil a partir dos 35 anos. “Ao nascer, a mulher possui cerca de um a dois milhões de óvulos, e não produz durante toda a vida. Quando chega aos 37 anos, esse número cai para 25 mil óvulos; aos 51 anos, apenas mil. Podemos dizer que até os 32 anos a mulher tem cerca de 50% a 60% de chances de engravidar. Aos 37, as chances caem para algo em torno dos 30%; aos 39, 25%; com 40, 15%; e 43, apenas 5”, destaca o ginecologista e especialista em reprodução humana Marcio Coslovsky, diretor médico da Primordia Medicina Reprodutiva, no Rio de Janeiro. 

Como funciona

“Primeiro fazemos a indução da ovulação a partir do segundo ou terceiro dia da menstruação. De forma semelhante à fertilização in vitro (FIV), a ideia é ter muitos óvulos a partir de nove ou dez dias de medicação”, explica Coslovsky. Depois é realizada a coleta de óvulos através da aspiração à vácuo guiada por ultrassom. O procedimento é feito sob sedação da paciente. 

“Existem dois métodos para congelamento do óvulo, o lento e rápido, mais conhecido como vitrificação”, adianta o especialista. No primeiro, a temperatura diminui gradualmente. Já na vitrificação, o óvulo é submetido a baixa temperatura de forma abrupta. O segundo método, mais utilizado hoje em dia, evita a formação de cristais, fazendo com que o resultado da recuperação desse óvulo/embrião seja maior. Os óvulos são vitrificados em nitrogênio líquido e estarão à disposição para o futuro. 

No caso do congelamento de embriões, os óvulos são fecundados pelo espermatozoide em laboratório e, posteriormente, congelados, da mesma forma como o óvulo. Para fertilizar, é necessário um parceiro masculino ou banco de sêmen. É um procedimento de rotina para as clínicas de reprodução e tem um preço semelhante à fertilização in vitro.

Resultados

Não há diferenças entre as chances de gravidez com um óvulo “fresco” e um óvulo congelado, pois, após o descongelamento, o óvulo fertilizado se torna igual ao óvulo fresco. As chances são semelhantes à de uma gestação por FIV, algo em torno de 45%. “Quando a mulher decide engravidar, no caso dos óvulos, descongelamos e realizamos a fertilização no mesmo dia. No dia seguinte, teremos embriões em andamento. De três a cinco dias depois, marcamos a data da devolução dos embriões para a paciente”, descreve Coslovsky. No caso dos embriões, é feito o descongelamento e logo em seguida a transferência para o útero. 

Normalmente, são utilizados dois embriões e, uma vez conquistada a gravidez, a chance de ser única é de 80% e de ser dupla (gêmeos), 20%. 

Quando congelados, os óvulos e embriões permanecem com a “idade” da época do procedimento. “Se uma mulher congela seus óvulos ou embriões aos 30 e decide engravidar aos 38, as chances de gravidez são iguais as de uma mulher de 30 anos. Como as chances são proporcionais à idade da paciente, quanto mais jovem for feito o procedimento, maior a chance de conquistar a gravidez”, destaca Marcio Coslovsky. 

Não existe um tempo limite para o congelamento do óvulo ou embrião. Mas é preciso arcar com os valores para garantir a manutenção deles nas clínicas. 

Fontes:

Isaac Yadid fez parte da equipe do primeiro bebê de proveta do Brasil, tem título de especialista em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e é membro da American Fertility Society.  

Márcio Coslovsky é membro da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), da  European Society of Human Reproduction (ESHRE) e da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida (REDLARA), além de autor do capítulo sobre reprodução do principal livro de obstetrícia brasileira, “Obstetrícia”, de Jorge Rezende. 

Serviço

Primordia Medicina Reprodutiva

Endereço: Rua Alberto de Campos, 175, Ipanema 

Telefones: 21 2247.0818 / 2247-0919

www.clinicaprimordia.com.br