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Instituto Grandes Temas debate Câncer de Próstata

Hospital Pró-Cardíaco e Academia Nacional de Medicina são parceiros

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A estimativa do INCA para 2016 foi de 61.200 novos casos de câncer de próstata em nosso país. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tumor mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, e considerando ambos os sexos, é o quarto tumor mais comum, e o segundo mais incidente entre os homens. O Câncer de próstata é a segunda principal causa de morte por câncer em homens, atrás apenas do câncer de pulmão. Cerca de 1 em cada 36 homens morrerá da doença.

A fim de alertar o público masculino sobre a importância do cuidado com a saúde, e as autoridades sobre a necessidade de priorizar políticas públicas voltadas à saúde do homem, surgiram diversos movimentos ao redor do globo – o Novembro Azul é um dos mais conhecidos.

Nesse tom, o Instituto Grandes Temas, com a parceria do Hospital Pró Cardíaco e da Academia Nacional de Medicina, trouxe uma das maiores autoridades da urologia moderna, o professor Miguel Srougi, que brindou a assistência com suas reflexões sobre câncer de próstata.

O evento foi inaugurado pelo Diretor Geral do Hospital Pró-Cardíaco, Dr. Marcus Vinicius Martins e pelo Dr. Rubens Costa, Presidente do Instituto Grandes Temas.

A organização e moderação estiveram a cargo do Dr. Francisco Sampaio, Coordenador de Urologia do Hospital Pró-Cardíaco e Presidente da Academia Nacional de Medicina.

Durante o evento, o Dr. Miguel Srougi, que é Professor Titular de Urologia da USP, fez importantes reflexões a respeito do Câncer de Próstata, destacando que a doença apresenta fatores de risco como residir em países industrializados, idade avançada e afro-descendência. Além disso, a idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos.

A respeito da detecção da doença, afirmou que o exame clínico da próstata e a ressonância magnética são as melhores opções clínicas disponíveis. Abordou ainda, aspectos atuais dos níveis de PSA no sangue para detecção do câncer de próstata. Segundo o Dr. Srougi, apesar do uso rotineiro do PSA será assunto de caloroso debate, seu uso em pacientes com mais de 50 anos é recomendado. Ademais, afirmou que grupos de maior risco como pessoas com histórico de câncer de próstata na família e afrodescendentes poderiam fazer o rastreio a partir de 45 anos.

Em seguida, apresentou novas perspectivas no diagnóstico e estadiamento, destacando o uso do PET-CT com Anti-PSMA Ga68 (PSMA - antígeno de membrana específico da próstata). Atualmente, o PET/CT é utilizado para avaliação pré e pós tratamento em tumores. Todavia, nos casos de câncer de próstata, o uso do PET não apresentava bons resultados – quadro que começou a se alterar com o uso do radiofármaco 68 GA-PSMA, que se liga na superfície de membrana das células do tumor de próstata, possibilitando localizar o tumor com níveis de PSA de 0,2. Segundo o Dr. Miguel Srougi, o uso combinado das duas técnicas (PET MRI com PET-CT com Anti-PSMA Ga68) parece apresentar resultados revolucionários, com acurácia de até 98% na detecção de tumores.

Discorreu acerca da controvérsia da realização de prostatectomia robótica ou convencional. A respeito da primeira, destacou que é preciso que os médicos estejam atentos para não confundir o intenso marketing existente em torno da prática com a existência de evidências científicas concretas. De acordo com os estudos apresentados, é impossível, no momento, definir cientificamente a melhor técnica de prostatectomia radical, uma vez que os resultados do procedimento dependem mais do técnico do que da técnica.

Dentre as inovações apresentadas, destacou também o uso de novos radiotraçadores, advindos da medicina nuclear, e que têm apresentado resultados positivos, principalmente em pacientes com tumores avançados e sem outras perspectivas de terapia. Segundo o Dr. Srougi, estas técnicas utilizam o princípio da terapia alvo para o PSMA-PET/CT, utilizando o 177 Lutécio-Octreoatato ligado a um anticorpo monoclonal contra o antígeno de membrana.

Ao final de sua apresentação, o Dr. Miguel Srougi discorreu sobre a prevenção do câncer de próstata, ressaltando que não existem suplementos alimentares capazes de reduzir o risco de desenvolvimento da doença, chamando atenção para os chamados “fatores de proteção”, como a manutenção de uma vida sexual ativa, manter uma rotina de, no mínimo 30 minutos diários de atividade física, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar.

O Dr. Claudio Tinoco Mesquita, Coordenador de Medicina Nuclear, apresentou o novo tratamento que estará disponível a partir de janeiro de 2017 no Hospital Pró-Cardíaco para tratar câncer de próstata com metástases ósseas resistentes a hormonioterapia. É o novo radiofármaco Radio-223. Este medicamento reduz a mortalidade global em 30% e teve o estudo interrompido por causa do grande benefício observado nos pacientes que receberem o tratamento em relação ao placebo. O Radio-223 emite partículas alfa que são altamente energéticas e capazes de destruir as células tumorais com grande eficácia é baixa toxicidade. O Dr. Tinoco finalizou a apresentação mostrando os dados de um novo traçador nuclear, o Actineo-225 ,que também é um emissor alfa, mas está sendo ligado ao PSMA e com isto tem conseguidos taxas de remissão completa de até 30% para doença prostática avançada.

A discussão foi moderada pelo Dr. Francisco Sampaio e ficou a cargo dos palestrantes e dos urologistas Fernando Pires Vaz e Paulo Martins Rodrigues, especialmente convidados para o evento.