ASSINE
search button

Especialista aponta desafio do parto humanizado no Brasil

Compartilhar

O Brasil possui a maior taxa de cesarianas no mundo, segundo a UNICEF. A humanização do parto resgatando o parto normal é um processo que vem ganhando força em todo Brasil.

Segundo o ginecologista, obstetra e homeopata, professor Antônio Carlos Silva Oliveira, mestrado pela UFRJ em ginecologia, livre docência em homeopatia pela UNIRIO, obstetra desde 1971 e pioneiro na introdução do parto de cócoras no serviço público no Rio de Janeiro no início dos anos 1980 na antiga Maternidade Praça XV – INAMPS, a conveniência apresentada aos médicos pela cirurgia, o empoderamento do médico e o medo da dor apresentado pelas gestantes, não devidamente preparadas, são alguns dos fatores que servem de combustível para acelerada explosão da escolha da cesariana ao invés do parto normal, num pais cujo sistema de saúde não oferece condições propicias e informações na assistência do pré-natal e durante o trabalho de parto para o esclarecimento e escolha da mulher.

Na rede privada brasileira o índice de parto por cesariana, chega em algumas clínicas a 90% e na rede pública estima-se de 30% a 40%, segundo o Ministério da Saúde. Para a Organização Mundial da Saúde _OMS, a taxa ideal de cesariana deve ser em torno de 15%, embora este ideal não seja alcançado na maioria das maternidades de todo o mundo e por isso mesmo deva ser revisado, já que a cirurgia só é indicada em caso de emergência, o que põe em risco a gestante e o bebe.

Muitos são os fatores que estão por trás da decisão da escolha da cesariana ao invés do parto normal, no Brasil.

Antônio Carlos Silva Oliveira explica que a opção pela cesariana reflete a diversidade da situação socioeconômica e cultural brasileira e que impõe urgentes modificações na assistência médica neonatal no Brasil.

“A mulher tem o direito de obter informações certas do sistema de saúde para que possa fazer suas escolhas, este sistema de saúde tem que estar adequado em termo de recursos humanos e materiais para fornecer a gestante, durante o pré-natal e o trabalho de parto, à assistência humanizada tanto parao parto normal quanto para a cesariana emergencial”.

Em condições de normalidade o médico não faz o parto, ele assiste e auxilia, aliás, a palavra obstetra, etimologicamente, vem do termo grego obstare que significa estar em frente ao canal do parto, contudo não são poucas as vezes que por dificuldades obstétricas conhecidas como DISTOCIAS e mesmo quando o bem estar materno fetal está em perigo o obstetra tem a obrigação de, uma vez informando a gestante dos riscos, intervir o mais precocemente possível para evitar danos à saúde materna e o bem estar fetal. 

Estas informações que o obstetra deve prestar a gestante devem ter sido exaustivamente estudadas durante o pré-natal e no momento do trabalho de parto devem ser documentadas pelos métodos biofísicos modernos (ultrassonografia e cardiotocografia) para que a decisão obstétrica de qualquer tipo de intervenção seja perfeitamente entendida e consentida (consentimento informado).