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Senado realiza audiência pública para classificar fibromialgia como doença crônica

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O Senado Federal realiza, nesta quarta-feira, 17, uma audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) com o objetivo de debater a inclusão da fibromialgia na classificação de doenças crônicas. A audiência atende ao Requerimento nº 18, de 2016-CAS, de iniciativa da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS). A ação é apoiada por diversas entidades no Brasil, que já reconhecem a fibromialgia como uma doença crônica e a dificuldade que os pacientes têm de conseguir o diagnóstico e tratamento adequados, principalmente no sistema público. Esse é o caso da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, que foi convidada para ser oradora da audiência, representada por seu diretor científico, o médico Paulo Renato Fonseca, do Rio de Janeiro.  

A fibromialgia é uma doença que provoca dores em todo o corpo, ainda pouco descrita na literatura e que não tem prevenção. A síndrome gera sensibilidade nas articulações, nos músculos e outros tecidos moles do organismo. Sua causa ainda não é completamente definida, mas acredita-se que o cérebro dos pacientes com a doença sofra uma diminuição da serotonina e, por isso, perca a capacidade de regular a dor. Assim, os impulsos são interpretados erroneamente.

A realidade de quem sofre com a fibromialgia, doença que passou a ser descrita apenas da década de 1990, é dolorosa. A ciência aponta a genética, infecções por vírus e doenças autoimunes como possíveis causadores, mas não únicos. “Os pacientes apresentam muitas vezes exames laboratoriais e de imagem absolutamente normais. Muitos profissionais de saúde chegam a achar que eles fantasiam os sintomas, e os estigmatizam como hipocondríacos”, analisa Paulo Renato Fonseca. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Fibromialgia, de 2% a 3% da população brasileira sofrem com a doença, o que representa até 6 milhões de casos. Mulheres entre 35 e 50 anos representam 90% das ocorrências. Os principais sintomas são dor generalizada, fadiga, dificuldades cognitivas, dormência e formigamento nas mãos e nos pés, palpitações e redução na capacidade de se exercitar. Quem tem fibromialgia costuma descrever uma dor intensa que se espalha pelo corpo saindo da nuca, ombros, tórax, região lombar, quadris, canelas, cotovelos e joelhos.

 “É muito difícil, até para os médicos, estabelecer se alguns itens são sintomas ou consequências da fibromialgia. Afinal, os distúrbios no sono e a constante sensação de fadiga são sintomas ou devemos assumir que uma pessoa que sente dor o tempo inteiro fatalmente não conseguirá dormir ou se concentrar normalmente?”, pondera Paulo Renato Fonseca. “Não por acaso a depressão também é muito comum nestes pacientes. Podemos presumir que a dor leva à depressão e, consequentemente, a depressão aumenta a dor. O tratamento deste paciente é interligado e precisa ser multidisciplinar”, acrescenta o especialista.

Muitos afirmam que a pintora mexicana Frida Kahlo tinha fibromialgia. “Seus trabalhos e biografia remetem a um sentimento de dor contínuo e, por vezes, retratam a percepção de dor dos pacientes de hoje, como sensação de agulhadas e queimação”, descreve Paulo Renato. Atualmente, os tratamentos disponíveis não eliminam a doença, mas buscam o alivio da dor do paciente. Alguns hábitos de vida também ajudam neste processo, como fazer atividades físicas e fisioterapia e terapias relaxantes.