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Sexo oral sem camisinha pode causar câncer de boca

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Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço é nesta terça-feira (27). Chamada de Julho Verde, a fim de alertar à população sobre a seriedade de diversas doenças e fatores de risco, o otorrinolaringologista Édio Cavallaro, médico do Serviço de otorrinolaringologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), alerta para o sexo oral sem proteção (principalmente em período de festas como as olimpíadas) e sua possível relação com o câncer.

Segundo o cirurgião, feridas e lesões na boca que demoram a cicatrizar e manchas avermelhadas ou esbranquiçadas, que podem ser confundidas com aftas, são alguns dos sinais ou sintomas dessa doença. “O sexo oral sem camisinha permite que a boca entre em contato com fluídos e com a mucosa dos órgãos sexuais, o que pode causar doenças sexualmente transmissíveis como o HPV e, consequentemente, pode evoluir para o câncer de boca, explica Cavallaro.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de boca é o quinto mais comum no país para o sexo masculino. “Infelizmente, a maioria das pessoas associa o uso dos preservativos apenas à gravidez e não às doenças sexualmente transmissíveis. Muitos inclusive desconhecem que o HPV pode causar lesões orais e evoluir para câncer”, complementa.

E a proximidade de festas como nas férias e aqui no Rio as Olimpíadas faz o especialista se preocupar ainda mais. “O grande problema não é fazer muito sexo, mas sim como esse sexo será feito durante esse período. Muitos jovens vão às ruas se divertir e, na empolgação ou por conta de drogas e bebidas alcoólicas, acabam se relacionando sexualmente sem nenhum tipo de prevenção”, diz Cavallaro.

Um estudo feito pelo International Journal of Epidemiology mostrou que, quanto maior o número de parceiras com as quais se pratica sexo oral e quanto mais precoce for o início da vida sexual, mais riscos o homem terá de desenvolver câncer de boca.

Principais sintomas  

O câncer de boca costuma se apresentar com feridas na boca que demoram a cicatrizar (mais de duas semanas) e manchas avermelhadas ou esbranquiçadas (que podem ser confundidas com aftas) nos lábios ou na mucosa bucal. “Nas fases mais avançadas, essa doença provoca mau hálito, dificuldade para engolir e falar, o aparecimento de caroços no pescoço e possível perda de peso expressiva. Nos casos do HPV, lesões verrucosas podem ser a primeira manifestação”, diz Édio Cavallaro.

Outros vilões  

Há anos, o principal grupo de risco desse tipo de câncer era composto por homens com mais de 40 anos com o hábito frequente de fumar e beber e com higiene bucal falha. “O cigarro tem mais de 5000 substâncias que fazem mal à saúde. Além disso, a fumaça do cigarro, sempre muito quente (a temperatura dele ao encostar na boca pode chegar a 70 graus), causa uma irritação crônica na mucosa bucal que faz com que as células se multipliquem muito rapidamente, facilitando o aparecimento de tumores”, diz o especialista.

O consumo de álcool também tem sua culpa, pois potencializa a ação da nicotina. A exposição excessiva ao sol é outra importante causa, neste caso para o aparecimento do câncer em lábios.

Diagnóstico precoce   

“O diagnóstico precoce é a salvação do paciente”, diz Édio Cavallaro. Isso porque, quando essa doença é tratada logo no início, as chances de cura dobram e o tratamento é relativamente simples. “A cirurgia não é tão complicada e a recuperação do paciente é super rápida”, diz o especialista.

O problema é que aqui no Brasil a maioria dos casos de câncer de boca diagnosticados já está em fase avançada, com possibilidades menores de cura. “Por isso, devemos ficar atentos a qualquer lesão na boca ou faringe que não cicatrize normalmente ou que permaneça como uma verruga por mais que duas semanas. Na dúvida, procure seu médico ou dentista, é melhor pecar pelo excesso de cuidado do que se lamentar com um câncer de boca em estágio avançado”, finaliza Édio Cavallaro.