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Campanha "Julho Verde" alerta para a prevenção do câncer de cabeça e pescoço

Uso de cigarro e álcool são as principais causas

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27 de julho é o Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço e a fim de alertar à população sobre a seriedade desta doença criou-se o JULHO VERDE como forma de conscientização da população para os principais fatores de risco da doença como o cigarro e o álcool.

Quando associado, o consumo dessas substâncias multiplica em até 20 vezes a possibilidade de uma pessoa saudável desenvolver algum tipo de câncer em cabeça e pescoço.

Segundo o otorrinolaringologista ÉdioCavallaro, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em todo o mundo, o câncer de cabeça e pescoço está em quinto lugar dentre os mais incidentes; são mais de 780.000 casos por ano. O Brasil está entre os países com maior taxa de incidência de câncer.Na cabeça e no pescoço, os cânceres de maior ocorrência são os de pele, boca / faringe e laringe, atingindo principalmente homens. “Todo nódulo persistente no pescoço pode ser câncer, principalmente quando não desaparece espontaneamente em poucas semanas, é endurecido ou cresce progressivamente”, explica o médico, que é subchefe do Serviço de Otorrinolaringologia e Endoscopia Peroral do Hospital Municipal Souza Aguiar.

De acordo com Cavallaro, também é recomendável procurar o especialista quando houver uma lesão na boca ou garganta que não cicatriza espontaneamente, bem como em caso de rouquidão por mais de três semanas, em especial em fumantes e consumidores habituais de bebidas alcoólicas. 

Confira a seguir as perguntas mais frequentes sobre a doença e o respectivo esclarecimento feito pelo especialista: 

1-Quais são os principais tipos de câncer nas regiões da cabeça e do pescoço? 

O carcinoma epidermoide é o principal tipo de câncer de boca, faringe e laringe, enquanto o carcinoma papilífero é o tipo de câncer de tireoide mais comum.

2-Existe algum tipo de prevenção para câncer de cabeça e pescoço? 

 O combate ao uso de cigarros e bebidas alcóolicas é a principal forma de prevenção do câncer de cabeça e pescoço, pois são os fatores de risco mais importantes no surgimento da doença. A associação dos dois hábitos (fumar e beber) multiplica a chance do surgimento desse câncer. 

3-Qual a chance de cura do câncer de cabeça e pescoço? 

Quanto mais rapidamente for diagnosticado, maior a chance de cura. Os tumores pequenos e localizados apresentam taxa de cura superior a 90%, enquanto os de grandes dimensões ou com linfonodos comprometidos (raízes do tumor primário) podem ter chances limitadas de cura.

4- Há predisposição genética para o desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço? Nesse caso, é possível evitar a doença? 

Os estudos mais recentes apontam para alguma influência genética no desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço, porém, o hábito de fumar e beber ainda são os principais fatores de risco para a doença e devem ser firmemente combatidos. 

5-Um caroço no pescoço pode ser câncer? 

Todo nódulo persistente no pescoço pode ser câncer. Em geral, há suspeita de câncer quando os nódulos não desaparecem espontaneamente em poucas semanas, quando são endurecidos e crescem rápido e progressivamente. 

6-Nesse caso, qual profissional médico é o mais recomendável a ser procurado? 

A primeira avaliação de um nódulo cervical pode ser realizada pelo médico clínico que habitualmente acompanha o paciente. Ele irá ponderar sobre a necessidade do paciente procurar um otorrinolaringologista ou cirurgião de cabeça e pescoço. 

7-Qual exame tenho que fazer para obter o diagnóstico? 

O diagnóstico de câncer começa com o exame clínico do pescoço. Para cada caso, podem ser necessários exames complementares. Quando se pensa em nódulo/tumor cervical maligno, é muito grande a chance desta massa já ser uma metástaselinfática de um tumor primário localizado em boca, faringe ou laringe. Dessa forma, exames endoscópicos como a Video-endoscopia Nasal e a Videofaringolaringoscopia são fundamentais na busca por estas lesões. Ultrassonografia, punção biópsia aspirativa ou a tomografia computadorizada, podem ser de grande utilidade também. 

8-Nunca fumei e fui diagnosticado com câncer de boca. Por que? 

A maioria das pessoas que desenvolvem câncer na boca são aquelas que fumam ou abusam do álcool, porém, há casos, em menor proporção, de pessoas que nunca fumaram ou nunca beberam e que podem desenvolver a doença. Estudos apontam para outros fatores de risco nessa população, como a falta de higiene oral, próteses dentárias mal adaptadas e a infecção oral pelo papilomavírus humano (HPV). 

9-É verdade que sexo oral pode causar câncer na boca? 

Sim, é verdade. Estudos recentes demonstram que a infecção oral pelo papilomavírus (HPV) é um fator de desenvolvimento do câncer de faringe e também de boca. Uma das formas de contágio por essa infecção é por meio da prática do sexo oral e em pessoas com múltiplos parceiros sexuais. 

10-Vou conseguir comer e falar depois da cirurgia? 

O tratamento do câncer de boca envolve a retirada do tumor e, dependendo do estádio e da localização exata do câncer, pode ser necessário remover linfonodos cervicais por meio de uma cirurgia chamada esvaziamento cervical. Toda cirurgia na boca pode levar a alterações da fala e a dificuldades para comer, contudo, essa chance é menor quando o tumor é diagnosticado e tratado rapidamente. 

11-É possível tratar sem fazer a cirurgia? 

A cirurgia é ainda a principal forma de tratar o câncer de boca. O tumor deve ser retirado e, frequentemente, também os linfonodos do pescoço. Alguns pacientes podem ainda necessitar de radioterapia ou até quimioterapia após a cirurgia, mas essas modalidades, em geral, não são a primeira escolha de tratamento. 

12-Uma ferida na boca pode ser câncer? 

Sim. Toda lesão na boca que não cicatriza espontaneamente em até 21 dias, em especial naquelas pessoas que fumam e abusam do álcool, deve ser avaliada pelo médico do paciente que, se necessário, deverá procurar um especialista. 

13-Refluxo gastroesofágico pode causar câncer? 

Sim. O refluxo gastroesofágico é um fator de risco para o câncer de esôfago e laringe (segundo algumas evidências), todavia, o hábito de fumar ou o abuso do álcool são ainda os principais fatores de risco para a doença. 

14-Sempre tem que fazer cirurgia no caso do câncer de laringe? 

Não. Apesar de a cirurgia ter um papel fundamental no tratamento do câncer de laringe, a radioterapia ou a associação com quimioterapia, em alguns casos, pode ser o tratamento de escolha para alguns pacientes.

15-É verdade que quem retira a laringe, nunca mais volta a falar? 

Isso não é verdade. Mesmo com a retirada total da laringe, há a possibilidade de a pessoa voltar a falar. Existem muitas maneiras de se voltar a falar, com o uso de próteses ou o desenvolvimento de uma outra forma de voz. O fonoaudiólogo é quem irá auxiliar na reabilitação desse paciente. 

16-O que vai mudar na minha vida depois da cirurgia? 

Há uma grande diversidade de modalidades de cirurgia no tratamento do câncer de laringe, o que envolve desde a retirada de pequenas lesões por microcirurgia, nos casos iniciais, até mesmo a retirada de toda a laringe nos casos mais avançados. Portanto, as alterações na qualidade de vida são variáveis. Entretanto, é possível ter uma vida normal ou bastante próxima disso após o tratamento. 

17-Rouquidão pode ser câncer de laringe? 

Sim. Todo paciente com rouquidão persistente por mais de três semanas deve procurar um médico e, em caso de dúvida, um otorrinolaringologista, em especial aqueles pacientes que fumam e abusam do álcool.