'O saber negro: um olhar de saúde integral' é o tema da palestra que acontecerá, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na quinta-feira (30), às 15h.
A médica Marcia Varricchio, da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Fase), e o psicólogo Marco Antonio Guimarães falarão no espaço da Coleção de Plantas Medicinais, na Rua Pacheco Leão, 915, com entrada franca.
Segundo Marcia, ela e Marco Antonio, que é estudioso e ativista do movimento negro, abordarão mais do que o uso de plantas e a cultura. “Falaremos da sabedoria. Enquanto ele abordará a história, a escravização e o preconceito, que gera sofrimento psíquico e hipertensão, falarei da situação de saúde dos afrodescendentes e quilombolas no país. Citarei o programa específico do SUS para os negros e trarei a questão da etnomedicina africana, o que ficou e como resistiu ao longo dos séculos. Abordarei as plantas que vieram das diversas nações para o Brasil, incluindo as comestíveis, as medicinais e as de ritos religiosos”, conta a professora.
Autora de pesquisa sobre a planta aveloz (Euphorbia tirucalli), no mestrado e no doutorado em Biotecnologia Vegetal, a respeito do uso tradicional pelos africanos e também pelos ciganos e do preparo homeopático, Marcia Varricchio passou a estudar as etnias.
“Pesquisar plantas é também estudar a coevolução da humanidade. Biodiversidade e diversidade cultural estão profundamente relacionadas à noção de ambiente. A ética é para ambas. Visa ao bem-estar de todos os seres vivos. Quando o profissional estuda o conhecimento de um grupamento social ou étnico, analisa a antropologia médica, como a medicina da tradição chinesa, e a etnomedicina, com a transmissão da cultura oral, como no caso dos indígenas. A antropologia da saúde promove uma cultura de tolerância a aquele que é diferente”, diz a professora da FMP/Fase.