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Jornada na ANM estimula debates sobre os Avanços da Área de Cirurgia Torácica

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Organizada pelos Acadêmicos Rui Haddad (RJ) e José de Jesus Camargo (RS), a Jornada de Cirurgia Torácica foi realizada na quinta-feira (28) na sede da Academia Nacional de Medicina. Reunindo profissionais de destaque da área, a jornada apresentou abordagens diversas para o tratamento de doenças como o câncer de pulmão. 

Com palestra intitulada “Estado Atual e Futuro da Terapia Alvo-Dirigida em Oncologia Torácica”, o Dr. Carlos Gil Ferreira (INCa) apresentou um histórico dos tratamentos existentes, dividindo-os em “Eras”. A primeira delas é relacionada à Quimioterapia, que apresentava baixas taxas de sobrevida para os estágios avançados da doença. A segunda “Era” se refere à terapia alvo-dirigida.Segundo os dados apresentados, dos pacientes aptos a receber o tratamento, aqueles que receberam a terapia alvo-dirigida tiveram uma sobrevida maior que um ano. Alguns dos desafios relacionados a esse tratamento envolvem a resistência aos medicamentos, o acesso às áreas afetadas - principalmente levando-se em consideração países em desenvolvimento, como o Brasil, onde ainda existe uma carência de equipamentos e tecnologia -, a qualidade e a quantidade dos tecidos a serem tratados e, sobretudo, o fato de que o tratamento não confere cura aos pacientes.

Nas considerações finais, o Dr. Carlos Gil frisou que os dogmas clássicos da oncologia não são mais suficientes para compreender um cenário de mudança contínua de paradigmas. Além deste fato o Dr. Carlos Gil considera a pesquisa translacional, o diagnóstico molecular e a multidisciplinaridade como as bases para a oncologia torácica contemporânea. 

Abordando o “Papel Atual da Ultrassonografia Endobrônquicano Estadiamento do Câncer de Pulmão”, o Dr. Mauro Zamboni (INCa) iniciou sua palestra alertando para o fato de que o carcinoma de pulmão usual é a principal causa de morte por câncer em todo mundo;sendo assim, o estadiamento (processo pelo qual se determina a extensão do câncer no paciente)da doença torna-se essencial.Nesse sentido, o Dr. Mauro Zamboni passou a analisar o procedimento realizado por meio de ultrassonografia endobrônquica e punção aspirativa por agulha, modalidade de estadiamento minimamente invasiva. Dois dos principais benefícios da utilização deste método são o fato de que ele possibilita quantificar as lesões e permite livre acesso a quasetodos os linfonodos mediastinais. Concluindo sua palestra, o Dr. Mauro Zamboni chamou atenção para o fato de que o estadiamento por ultrassonografia endobrônquica está indicado principalmente para o estadiamento inicial dos pacientes com câncer de pulmão e que as amostras colhidas por meio desta técnica são adequadas para análises de mutação.É importante notar que o estadiamento por EBUS e punção aspirativa deverá ser considerado quando se avalia a radioterapia com intenção curativa. Além deste fato, é importante notar que a confiabilidade do estadiamento do mediastino depende mais da expertise do examinador do que o exame por si só, o que acaba por aumentar a importância da especialização. 

Dando seguimento à Jornada, a Dra. Lisa Morikawa (COI-RJ) proferiu palestra sobre “Por que Tratar com Radioterapia Estereotáxica AblativaCâncer de Pulmão Estágio-I em Pacientes Clinicamente Aptos a Cirurgia”. Chamou atenção para o fato de que, para o controle tumoral, muitas vezes a ressecção pulmonar possui um impacto negativo na função respiratória, além disso,a cirurgia nem sempre é possível ou envolve riscos excessivos.Ressaltou-se a importância da melhoria tecnológica e radiobiológica, representada por procedimentos como aRadioterapia Estereotáxica Ablativa, que consiste em fornecer uma alta dose de radiação em diversos feixes direcionados ao tumor. Esse tipo de procedimento se destaca no tratamento de pacientes com a fase periférica inicial e que não estão aptos à cirurgia. Com relação à radioterapia convencional, a Radioterapia Estereotáxica Ablativaem geral é administrada num período de tempo menor do que a radioterapia convencional, além de reduzir o risco de danos às células normais. A Dra. Lisa Morikawa apresentou estudos comparativos daRadioterapia Estereotáxica Ablativa com relação à cirurgia, levando em consideração tópicos como a qualidade de vida do paciente após o tratamento.Em conclusão, a Dra. Lisa Morikawa destacou os tratamentos por Radioterapia Estereotáxica Ablativa são novas e promissoras opções para o tratamento de câncer de pulmão em estágios iniciais, tendo como principais vantagens as baixas taxas de toxicidade e um excelente controle tumoral local. Sendo assim, o uso de Radioterapia Estereotáxica Ablativa para pacientes operáveis é obviamente uma nova área a ser explorada pelos profissionais da área. 

O Dr. Eduardo Saito (UERJ) proferiu palestra sobre “Por que Tratar com Lobectomia Vídeo-Assistida Câncer De Pulmão Estágio-I em Pacientes Clinicamente Aptos à Cirurgia”. Com relação aos demais procedimentos, a lobectomia vídeo-assistida apresenta vantagens como menor tempo de internação, menos complicações, custo reduzido, retorno mais rápido do paciente às atividades, dentre outros. As limitações técnicas, como a existência de linfonodos calcificados e a incapacidade de tolerar qualquer colapso pulmonar também foram apresentadas. O Dr. Eduardo Saito também apresentou algumas desvantagens na utilização desta técnica, como a perda da função tátil, material de alto custo e uma maior complexidade do procedimento, que exigeo desenvolvimento de uma curva de aprendizado.Em conclusão, o Dr. Eduardo Saitoapresentou dados que comprovam que resultados excelentes foram mostrados para ressecções limitadas para tumores pequenos em pacientes selecionados para a lobectomia. Além deste fato, o Dr. Eduardo Saito afirmou que, para paciente clinicamente operáveis, a cirurgia permanece o tratamento padrão. 

A respeito de “Tumores Traqueais”, o Acadêmico José Camargo fez apresentação demonstrando os principais tipos de tumores e suas apresentações clínicas. O Acadêmico Camargo chamou atenção para o fato de que alguns tumores são constantemente confundidos com asma; todavia, o Acadêmico ressaltou que a ausculta facilmente poderia desfazer esse tipo de problema e possui importante papel no diagnóstico diferencial. Acerca do tratamento destes tumores, o Acadêmico apresentou a cirurgia como único tratamento para lesões benignas e tumores malignos de baixo grau. Após a apresentação de diversos casos clínicos, o Acadêmico José Camargo concluiu a palestra afirmando que a maioria dos tumores traqueais são malignos e que a ressecção é o tratamento de escolha, sempre que possível, tendo em vista que o índice de cura cirúrgica é alto. Por fim, o Acadêmico ressaltou que terapias não cirúrgicas possuem benefício limitado.