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Academia Nacional de Medicina discute as causas de morte da Família Imperial Brasileira

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A Academia Nacional de Medicina discutiu nesta quinta-feira (1), a “Autopsia Virtual”, tema de ponta, com o Prof. Paulo Saldiva da USP, apresentado pelo Presidente Acadêmico Francisco Sampaio. A análise das causas de morte de D. Pedro I será apresentada a partir de exames com Ressonância Magnética Nuclear de última geração.

Foram apresentados dados mostrando que as autópsias médicas vêm sendo cada vez menos executadas. Há, no entanto, ainda espaço para as autópsias, notadamente para controle da qualidade da assistência, para o ensino médico e para a pesquisa. 

Doenças que se tornaram mais prevalentes neste período de poucas autópsias e que afetam órgãos onde a retirada de fragmentos torna-se difícil em vida (como a doença de Alzheimer e a aterosclerose), poderiam ser melhor compreendidas pela realização de autópsias. Neste contexto, o grupo de pesquisas da USP, o único a realizar autópsia virtual no país, está desenvolvendo estudos comparando autópsias minimamente invasivas – realizadas pelo uso de técnicas avançadas de imagem (tomografia e ressonância magnética) e biópsias percutâneas – com autópsias convencionais. 

A ideia básica é a de facilitar a realização de autópsias através de procedimentos menos invasivos. Para tal, foi instalado no serviço de Patologia um tomógrafo de 16 canais e o primeiro aparelho de ressonância magnética de 7 Tesla da América Latina. Além disso, o grupo ainda desenvolve procedimentos de angiotomografia post-mortem, bem como aprimorou a técnica de exames de espectroscopia por ressonância para estudos de metabólitos in situ. 

Para exemplificar a técnica foram apresentados os achados de uma situação peculiar: o exame dos restos mortais da família imperial brasileira: D. Pedro I, Imperatriz Maria Leopoldina (1ª esposa) e Dona Amélia (2ª esposa).

De destaque, contrariando lendas e estórias, concluiu-se que D Pedro I não morreu de sífilis, mas sim em decorrência de tuberculose do pulmão direito e insuficiência cardíaca. Verificou-se ainda que seu pulmão esquerdo já não era funcional, devido a pneumotórax e fraturas de clavícula e várias costelas, em decorrência de queda de cavalo. Constatou-se ainda, como o uso de tomografia computadorizada, que a Imperatriz Maria Leopoldina não tinha nenhuma fratura, o que desmorona a lenda de que D. Pedro I a havia jogado de uma escada e que ela havia falecido em decorrência do trauma...

A provável causa de sua morte foi infecção uterina em decorrência de aborto retido. No caso de Dona Amélia, a Imperatriz estava parcialmente preservada (mumificada) e tinha cabelos, unhas e cílios preservados. Um crucifixo de madeira e metal foi enterrado com ela.

A sessão foi muito concorrida e a palestra foi seguida de mais de 40 minutos de discussão com os Acadêmicos, médicos e estudantes de Medicina presentes.