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SBAIT alerta sobre os riscos de soltar pipa

Além das sérias lesões causadas pelo cerol, outros acidentes estão relacionados a brincadeira

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Com maior incidência de vento, os meses de julho e agosto são um convite para soltar pipa. Mas a brincadeira, que ainda seduz crianças, adolescentes e até adultos, oferece muitos perigos, que podem causar sérios acidentes, alguns fatais. Diante desta situação, a SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado) está fazendo um alerta à população sobre os problemas que podem ser causados por esta brincadeira.

A prática, aparentemente inofensiva, oferece muitos perigos. “Temos registros de queda de crianças em lajes, atropelamentos de pessoas distraídas com a pipa, choques elétricos e lesões causadas pelo uso do cerol. Normalmente, para quem está manuseando a pipa, o cerol causa lesões nas mãos, mas ele pode ser fatal, principalmente quando atinge ciclistas e motociclistas”, explica o coordenador do Comitê de Prevenção da SBAIT, Gustavo Pereira Fraga. Nesses casos, segundo o médico, que também é cirurgião do Trauma da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), as complicações são decorrentes de lesões no pescoço, devido à presença da laringe, traqueia e de vasos sanguíneos importantes.

O diretor da SBAIT Paulo Carreiro, que também é cirurgião do Trauma do Hospital João XIII, de Belo Horizonte, destaca que há poucos estudos sobre as lesões causadas em decorrência de pipa e cerol e afirma que é muito importante que sejam adotadas medidas sócio-educativas mais eficazes, já que esses casos poderiam ser evitados. “Também precisamos de medidas regulatórias contra a venda de linhas industrializadas com o cerol. Temos algumas leis, inclusive que proíbem o uso do cerol, mas a fiscalização ainda é muito precária”, diz. Para amenizar os riscos, ele orienta os motociclistas a usarem a antena corta-pipa, que impede que a linha, com cerol, atinja seu corpo.

De acordo com o presidente da SBAIT, Sandro Scarpelini, diretor da Unidade de Urgência e Emergência do Hospital das Clínicas da USP Ribeirão Preto, os números das lesões e mortes causadas pelo uso de pipa – com ou sem cerol – são subnotificados, já que muitos são registrados como lesões comuns, o que impede uma estatística confiável e a implantação de medidas preventivas. “O Trauma, de forma geral, pode ser evitado. E, neste caso das pipas, também. É muito importante que os pais fiquem atentos à brincadeira de seus filhos para garantir tanto a segurança deles quanto a de pessoas que possam ser prejudicadas. Apesar de proibido, o uso do cerol é comum. E cada vez surgem técnicas mais avançadas para aumentar o poder de corte das linhas. Este é um problema muito sério”, reforça.